Euro 2020 - Grupo A, de Itália
Hoje fechou-se o grupo A. Com a Itália já com o apuramento garantido, só com vitórias, e a Turquia só com derrotas, Suíça e País de Gales disputavam o segundo lugar no grupo, que garantia também e desde logo o acesso aos oitavos de final da prova.
Curiosamente usufruíam ambas de vantagens do calendário. Os galeses porque, jogando com a Itália já apurada, defrontariam um adversário em poupança, que daria descanso às suas principais individualidades, e portanto teoricamente menos difícil. Os helvéticos porque encontrariam um adversário desmotivado, que falhara em toda a linha as expectativas que trouxera para esta competição, numa dinâmica de derrota que, especialmente em torneios deste género, muito curtos, é muito difícil de inverter.
Nestas circunstâncias a vantagem da Suíça pareceria mais interessante. Mas no fim foi a selecção do País de Gales quem saiu a ganhar. Não tanto que a sua vantagem tivesse sido mais evidente, mas pelas próprias circunstâncias do jogo.
Em Roma, fazendo o pleno dos jogos de apuramento em casa, a Itália, mesmo com uma equipa de segundas linhas, com oito alterações na equipa, manteve o seu futebol, do melhor e do mais excitante deste Europeu. Com os mais utilizados, ou com os outros, as mesmas dinâmicas e a mesma qualidade.
Porque o jogo de ontem da selecção portuguesa ainda é actualidade, abro um parênteses para lançar um pequeno desafio: quantos jogadores da selecção italiana, posição por posição - e tiremos os guarda-redes, cujo contributo para a qualidade do futebol é pouco relevante - , são claramente melhores que os portugueses?
Não é preciso ir consultar o "Tranfermarket", mas se o fizermos a resposta não será provavelmente muito diferente: um. Jorginho. A selecção de Fernando Santos não tem um centrocampista como ele. O que mais se aproxima das características do italo-brasileiro é Rúben Neves. Mas não calça. Nem a equipa está rotinada para o seu futebol.
É isso. O melhor futebol desta primeira fase do Europeu é apresentado por uma equipa que, individualmente, não tem mais que um jogador superior aos portugueses.
Fechado o parênteses, a Itália voltou a ganhar, num jogo bem disputado e interessante de seguir, e fechou o apuramento com o pleno de vitórias e sem sofrer golos. Com a mesma qualidade, e ainda com a oportunidade de mostrar serviço nas bolas paradas. Foi num dos chamados lances estudados que fez o golo (por Pessina, alguém já ouviu falar?), que foi único porque assim calhou. E assim calhou porque, noutra demonstração do trabalho de laboratório a bola esbarrou no poste.
Os galeses sabiam que, se escapassem à chapa 3, ficariam em boas condições de segurar o segundo lugar, mas isso não os impediu de disputar o jogo no campo todo. Foram uma equipa completa (mais um exemplo: têm três jogadores de elevado nível - Ramsey, James e Bale - mas os outros são jogadores das divisões secundárias do futebol inglês), com identidade, e que nunca se deixou atropelar pelo futebol italiano. Nem mesmo jogando em inferioridade numérica desde os 10 minutos da segunda parte.
Em Baku, num Estádio que destoa neste Euro, antigo e à antiga, que a Turquia feito sua casa, o jogo valeu pelos golos. Quatro, todos excelentes. Mas com dois verdadeiramente fantásticos -o segundo da Suíça, e primeiro de Shaqiri, e o único dos turcos na prova, de Kahveci.
A Turquia não conseguiu resistir à dinâmica de derrota, e falhou rotundamente em especial na transição defensiva. A Suíça, com Seferovic a fazer um bom jogo (marcou o primeiro golo -bem cedo, na primeira vez em que a equipa chegou à baliza turca, e esteve soberbo no passe para o segundo, o tal primeiro de Shaqiri), aos 26 minutos já ganhava por 2-0. Mas foi o seu guarda-redes quem mais, e mais difícil, trabalho teve em toda a primeira parte, com três defesas que eram de golo.
Na segunda parte foi o inverso, aí foi o guarda-redes turco a ficar com esse papel. E Sommer não teve praticamente nada para fazer. Porque nada tinha a fazer no extraordinário golo dos turcos.
Shaqiri foi, com dois golos e uma exibição fantástica, o homem do jogo. Como é diferente ser a estrela da companhia!
Não foi este jogo que afastou a Suíça do segundo lugar. Foi o 0-3 da Itália que lhe deu os dois golos de diferença para os galeses que os empurrou para o terceiro lugar, e os deixa de credo na boca até quarta-feira. Os 4 pontos podem não ser suficientes para fugir aos dois terceiros que vão ficar de fora. Mesmo que Portugal até possa dar uma ajuda…