Euro 2020 - Grupo D, de Croácia
Hoje foi a vez de se fechar o Grupo D desta fase do Europeu, onde a Inglaterra e a República Checa, que se defrontavam em Wembley, com o apuramento garantido, já que se sabia que os 4 pontos, que ambas tinham conquistado nos dois jogos, garantiam sempre o apuramento.
No outro jogo, em Glasgow, defrontavam-se a Escócia e a Croácia, ambas com apenas um ponto. Um empate entre ambas seria, ao terceiro dia desta última jornada, o jackpot para a selecção portuguesa. À luz do que tinha sido o desempenho das duas selecções no seu último jogo nem era uma hipótese assim tão disparatada.
Mas cada jogo é um jogo e as suas circunstâncias, e o futebol, como se sabe, não é uma ciência. E muito menos exacta.
O futebol da Escócia, ainda o mais britânico do futebol britânico, revelou-se presa fácil do jogo rendilhado, de posse e circulação da Croácia, que parecia andar um pouco afastado das últimas partidas, mas que hoje regressou em Hampden Park. Com os jogadores escoceses a estenderem-se pelo campo todo o que não faltou foi espaço para os croatas espalharem o seu futebol pelo relvado, sempre sob a batuta do maestro Modric, também ele hoje regressado àquilo que dele sempre se espera.
Com posse de bola acima dos 70%, e controlo quase absoluto do jogo, a Croácia marcou cedo, quando acabara de se esgotar o primeiro quarto de hora. E assim continuou, dando a sensação que tinha o jogo controlado, e que em qualquer altura poderia voltar a marcar. Porém a Escócia não precisa de muito para se galvanizar, e bastaram duas ou três cavalgadas até à área do adversário para se catapultar para o seu jogo físico, de bola para a frente para ser disputada à primeira, à segunda, à terceira. Tantas vezes quantas necessárias.
E quando assim é, o golo pode sempre surgir. E surgiu, já próximo do intervalo, dando nova vida àquela hipótese do empate, que continha o voucher de férias para as duas equipas.
Mas a segunda parte arrancou como arrancara a primeira. Tão igual que no mesmo minuto 17 a Croácia voltou a marcar, e a desfazer de vez - nunca sobraram dúvidas - o empate. E que golo!
A circulação de bola, por dentro, para fora, para a frente e para trás dos croatas baralhou de tal forma os escoceses que nem repararam que Modric aparecia sozinho ali à entrada da área. Depois foi uma trivela a preceito e um golo monumental. Mas um, neste Europeu de grandes golos.
Os escoceses reagiram, não se pode dizer o contrário, mas já não foi com a mesma impetuosidade da primeira parte. Modrid continuava a manter a orquestra afinada, e acima de tudo tranquila, e volvido outro quarto de hora, tira a bola do quarto de círculo para que a cabeça de Perisic a pusesse dentro da baliza, com os jogadores escoceses perdidos na marcação homem a homem que já não se usa.
Adeus empate, adeus terceiro lugar. Com aquela golo a Croácia garantia o segundo lugar no grupo, afinal aquele que lhe pertencia. Por história, mas agora também por direito. Um direito conquistado com uma exibição à medida dos seus pergaminhos. É caso para ar as boas vindas à Croácia, e de saudar o seu regresso ao palco principal do futebol europeu.
Bem menos interessante foi o jogo de Wembley, fosse porque ambas as selecções estavam já apuradas, fosse por falta de engenho e arte. Que, particularmente no que respeita à equipa inglesa, é deveras estranho.
Do jogo salvou-se o primeiro quarto de hora. Pouco mais. A Inglaterra entrou forte, Sterling atirou ao poste logo aos 3 minutos, e marcou aos 12. E pronto. Ou perto.
A segunda parte foi mesmo enfadonha, uma real chatice, com os ingleses a limitarem-se a especular com o jogo, e os checos a participar na farsa. Patrick Shck, que tanto tinha impressionado, e que continua no grupo dos melhores marcadores, praticamente não se viu.
Já perto do final do jogo, a dois ou três minutos do fim, a bola ainda entrou na baliza dos checos. O golo foi anulado pelo fiscal de linha do Artur da pastelaria, que apitou o seu segundo jogo, por fora de jogo. Mas devia mesmo ser anulado por não preencher os mínimos para um golo a sério.
Deixa-nos uma sensação estranha, esta selecção inglesa. Faz 7 pontos com apenas dois golos marcados, ambos por Sterling. É hoje um candidato que não convence, e não é por falta de jogadores. Está repleta de jovens, de muito bons jogadores, de muitos jogadores bons, e de bons jogadores, às vezes. Os mesmo muito bons são também muito jovens. A excepção é Harry Cane que sendo muito bom, não o está a ser. E como hoje não jogou Phil Foden as sensações estranhas são mais fortes.
Pelo que fizeram neste jogo os checos deixariam a ideia que não terão muito mais caminho para caminhar. Mas nunca se sabe, até porque caíram para o terceiro lugar que, como nos lembramos, às vezes é melhor que o primeiro e o segundo.