Euro 2020 - O Dia daquele golo!
Ao quarto dia, o primeiro jogo sem golos. E logo naquele em que isso menos se perspectivava, no último do dia, em Sevilha, onde a favorita Espanha recebeu a Suécia. Ou talvez não, dada a reiterada dificuldade da roja em fazer golos.
E, por falar em golos, o golo deste europeu. Dificilmente surgirá outro que destrone aquele golão de Patrik Shick, que bisou e igualou Lukaku na lista dos melhores marcadores por esta altura. Mas já lá vamos.
E ainda a primeira expulsão. Já lá iremos também.
A Espanha apresentou o seu futebol, de circulação e posse de bola que até chateia. Nisso não desiludiu. A desilusão poderá poderá vir da eficácia desse jogo. Na realidade só nos vinte minutos finais a selecção de Luís Henrique juntou dinâmica e velocidade a essa circulação e posse que lhe pudesse garantir o êxito, frente a uma equipa sueca rigorosa e concentrada a defender-se.
Até aí, e apesar de total controlo do jogo, não criou muitas mais oportunidades que o adversário. E as duas que a Suécia conseguiu foram até bem mais flagrantes, incluindo uma bola no poste. Ambas obra de um miúdo sensacional, o craque Isak. Que o treinador sueco, para desgosto de quantos estavam a ver o jogo - acredito - tirou do campo justamente a 20 minutos do fim, deixando-nos desiludidos, de água na boca.
Teve poucas oportunidades de tocar na bola. Mas cada vez que lhe tocou … meu Deus!
No final o empate a zero penalizou a Espanha, mas nada que seja grave. Até porque faz o três jogos desta fase em casa, e não terá certamente dificuldades em assegurar o primeiro lugar do grupo E.
Neste mesmo grupo, a Polónia, de Paulo Sousa é que entrou mal. E viu aumentarem as dificuldades de seguir em frente. Diz-se que Boniek, a antiga estrela polaca e hoje patrão do futebol do seu país, e também vice-presidente da UEFA, contratou o treinador português por querer implantar na selecção o tal futebol de posse e circulação, que não é muito próprio daquelas paragens.
E a verdade é que se percebeu que Paulo Sousa quis dar resposta a esse caderno de encargos. A selecção polaca começou por apresentar esse futebol, mas a Eslováquia era sempre mais assertiva no seu jogo mais rectilíneo. Chegou ao golo, num remate que foi ao poste, com a bola a ir bater nas costas do guarda-redes da Juventus e a acabar dentro da baliza. E ao intervalo justificava-se a vantagem dos eslovacos.
À equipa polaca entrou no entanto para a segunda parte com vontade de finalmente dar alma ao futebol pretendido. E chegou logo no primeiro minutos ao empate, numa excelente jogada de circulação de bola ao primeiro toque. Seguiram-se quinze minutos desse bom futebol, com a Polónia a dominar completamente o adversário, subitamente interrompidos … pela primeira expulsão desta competição. Krychowiak tinha visto um amarelo na primeira parte - mal, acrescente-se - e não resistiu a uma entrada de sola.
A Eslováquia aproveitou a superioridade numérica para saltar para cima do adversário, e rapidamente - cinco minutos depois - chegou ao segundo golo. A partir daí defendeu. E a Polónia atacou, mas já apenas com recurso ao outro futebol que lhe corre nas veias. O de posse e circulação não voltou mais.
Poderia ter empatado, é certo. Mas não foi a jogar bem. E nem Lewandovsky, "o melhor do mundo", lhe valeu.
Hoje os últimos são os primeiros, e o primeiro do dia jogou-se em Glasgow, para fechar a primeira jornada do grupo D, no Hampden Park. Com a Escócia, outra das equipas a jogar em casa, a defrontar a República Checa. Jogo de pontapé para a frente em perspectiva. Não defraudada, de resto.
Só que o futebol tem destas coisas. É donde menos se espera que sai o melhor que tem. E aquele golo do checo Patrik Shick é do melhor que se pode ver num jogo de futebol. No pior jogo até agora, o melhor golo. Até agora, mas certamente para sempre.
Foi o segundo da vitória checa por 2-0, e nunca mais sairá da História dos Europeus.