Euro 2024 - V Portugal apoucado
Sem alma, sem chama e sem tino. Outra vez!
Um erro de António Silva - é assim que ficará para a História, se bem que o de Danilo tenha sido bem mais evidente - acabava o ponteiro dos segundos de dar a sua primeira volta, e o talento de Kvaratskhelia, a estrela da Geórgia que brilha no Nápoles, deixaram os georgianos na frente do marcador e confortáveis na sua estratégia, praticamente decalcada da da Chéquia, no primeiro jogo da selecção portuguesa. Como Roberto Martinez também decalcou as asneiras desse jogo, sem a sorte de então, a exibição e o resultado não poderiam ser diferentes do que foram esta noite em Gelsenkirschen.
Relativamente ao último jogo, com a Turquia, o seleccionador manteve apenas três jogadores: o guarda-redes, Diogo Costa, o trinco, Palhinha e o ponta de lança, Ronaldo. Este tem de jogar sempre. Mudou oito jogadores e mudou tudo, regressando aos três centrais, às invenções, com os laterais a jogar por dentro - desta vez foi com Dallot -, e aos jogadores fora das suas posições naturais, da falhada experiência com a Chéquia.
Mas conseguiu ainda fazer pior: juntar Palhinha aos três centrais.
Não. Não começou tudo no erro de António Silva. Começou antes. E não se esgotaram os erros nos de António Silva. Que cometeu outro, no início da segunda parte, que deu num penálti, e no segundo golo da Geórgia. Que, na estreia num Europeu, conseguiu o apuramento para os oitavos de final, pondo de fora a Hungria (com que já contávamos para os oitavos de final) e deixando-nos a Eslovénia pela frente.
Começou na mediocridade de Martinez. Que não é de agora, e que só por milagre melhorará.
A partir do segundo golo - no penálti convertido por Mikautadze, que é por esta altura, com três golos, o melhor marcador da competição -, ainda nos primeiros 10 minutos da segunda parte, esteve sempre mais iminente o terceiro da Geórgia que o ponto de honra da selecção portuguesa.
É verdade que a arbitragem - talvez a pior de toda esta fase de grupos - não ajudou nada. Nem, ao contrário daquilo a que nos estávamos a habituar, a sorte. Mas não é menos verdade que a selecção portuguesa não mereceu melhor que o enxovalho de uma derrota clara perante um adversário que ocupa a 74ª posição do ranking mundial.
Seguem-se os oitavos de final. Onde há gente que não merecia lá estar. Por exemplo a Inglaterra, a maior decepção no que à qualidade de jogo diz respeito, e a Itália. Mas onde estão a Suíça, a Áustria, a Eslovénia e a Dinamarca, as equipas mais bem trabalhadas. A Espanha é de outro campeonato.
Voltou, doze anos depois, a ser a selecção mais completa da Europa. Agora num registo completamente novo, sem o velho - e às vezes entediante - tiki-taka.