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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Euro 2024 - VII - Despedida à medida

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A selecção nacional, apontada como uma das principais favoritas, está fora do campeonato da Europa da Alemanha, eliminada nos quartos de final pela França, a maior das principais favoritas. No desempate por penáltis, onde os franceses fizeram o pleno, e Portugal falhou um, aquele que João Félix atirou ao poste direito da baliza de Maignan. A bola poderia ter entrado, mas escolheu espirrar para fora.

Foi o final perfeito para a narrativa oficial. A selecção fez o seu melhor jogo, numa participação medíocre. Teve 60% de posse de bola, e criou até mais e melhores oportunidades para marcar. Tudo perfeito para a narrativa da vitória moral, e para esconder o "rei que vai nu" nesta selecção de Martinez, escolhido a dedo para servir a realidade da FPF e do negócio.

Para esconder que esta selecção francesa, com o melhor lote de jogadores da competição, a par da portuguesa e da inglesa - todas as maiores decepções desta competição - tem sido, na realidade do jogo praticado, a mais fraca dos últimos anos. E, acima de tudo, para esconder o falhanço rotundo das decisões da super-estrutura da selecção, que condenaram ao fracasso a melhor geração de futebolistas alguma vez à disposição da causa do futebol nacional.

A imprensa portuguesa não o diz. Teremos de recorrer à estrangeira para perceber que a selecção portuguesa foi tornada numa corte com o fim único de servir a lenda Cristiano Ronaldo. 

“Cristiano arruinou a competição de Portugal. Entendo que seja uma lenda, mas desde há anos que corta a projecção de outros jogadores, não traz nada a esta equipa. Portugal jogou com dez jogadores. Impediu que Portugal avançasse na Europa e na competição”, disse ao “AS” o analista Daniel Riolo da RMC Sports.

O britânico “Guardian” dá a selecção portuguesa como uma equipa "reduzida a uma função do ego de um homem". E faz notar que Cristiano Ronaldo foi o único jogador da equipa portuguesa que não foi reconfortar João Félix: "Há um homem que não corre para Félix. Em vez disso segue na direcção contrária, na sua, perseguido apenas pelo olhar lascivo das câmaras. Era Cristiano Ronaldo”.

"Opta Sports"  diz que "o problema é que Ronaldo tem de ser o centro do universo de Portugal quando está a jogar". 

Fico por aqui, para não ser fastidioso. Em Portugal, qualquer destas observações seria passível de acusação de crime contra a pátria!

Cristiano Ronaldo não é, nem poderia ser, o extraordinário jogador de futebol que foi. Mas ainda é a maior estrela mediática do negócio do futebol. Continua a arrastar multidões e a movimentar paixões como nenhum outro. E por isso um filão que a FIFA, a UEFA e a FPF não querem deixar de explorar. Que aqueles organismos internacionais o façam, percebe-se. Que a FPF alinhe pelo mesmo diapasão é que não. Não, porque, com isso, está a destruir o seu próprio património, que é o talento de tantos outros dos seus jogadores e o prestígio do próprio Cristiano, que é património de prestígio do futebol português, que lhe compete preservar.

O ego de Cristiano fez o resto, deixando-se arrastar para um papel de atracção de circo. Quando Fernando Santos, já finalmente decidido a apresentar um futebol à medida do talento de que já dispunha, decidiu retirá-lo do trono inamovível, foi despedido. E substituído por um gerente de circo contratado a preceito, com a preocupação prioritária de recuperar a atracção principal. Por isso, o seu primeiro acto de gerência, foi aquela viagem à Arábia Saudita. Para que tudo ficasse bem claro!

Por isso Cristiano Ronaldo jogou todos os minutos. Todos os jogos, como se nem precisasse de poupança. Noventa, ou dois consecutivos de 120 em quatro dias. Como se fosse indispensável quando nem sequer era útil. Com medo que qualquer alternativa - como naqueles fantásticos 6-1 à Suíça no Mundial do Catar - pudesse correr bem.

Não faço ideia se Cristiano Ronaldo percebeu finalmente que o reduziram a mera atracção de circo. E que não aceita mais isso. O que ouço - o que ouvimos - é que já disse que este foi o seu último europeu. E todos os outros a dizerem que ele sairá quando quiser!

 

 

 

 

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