Evocar habilidades
Por Eduardo Louro
Começam a ser demasiados os equívocos que António Costa lança. Começa a parecer que o novo líder socialista se está a especializar nas artes da pesca, a começar pelo lançamento da rede...
Ontem, no jantar de Natal com o Grupo Parlamentar do PS, lançou a rede ao bloco central. Melhor dizendo - voltou a lançar a rede para aquele lado!
Hoje veio desmentir que o tivesse feito. Que, quando ontem evocou o bloco central de 1983-85, não pretendia recuperar essa fórmula, mas apenas "evocar o exemplo da liderança de Mário Soares". Ora, António Costa não está apenas a recuperar uma fórmula política, está a repetir a mais gasta formulação política do regime, que é justamente fazer de nós parvos.
António Costa tem tido inúmeras ocasiões para evocar todos os exemplos de Mário Soares. E tem-nas aproveitado. Ainda há apenas uma semana, por ocasião dos seus 90 anos, teve mais uma oportunidade que - e muito bem - não desperdiçou.
Então para quê, completamente a despropósito, voltar ontem a fazê-lo? Não faz qualquer sentido. E muito menos sentido faz, nesta altura em que o antigo e carismático líder do PS está até voltado para outro lado, ir procurar ao quadro da única experiência de Bloco Central as melhores razões para evocar Mário Soares. Nesta altura, António Costa não precisa nada do bloco central para evocar Soares. Poderá é precisar de Soares para evocar o bloco central!
Do que não precisa mesmo é de nos tratar por parvos. Pode dar as voltas que quiser, do rotundo não do congresso a coligações com a direita, para o nim da semana passada a Passos Coelho, já com um depois das eleições a gente fala com vista privilegiada para os braços de Rui Rio. Mas sem truques. Nem outras habilidades circenses...