Farsa em Portimão
Subiu hoje à cena, em Portimão, uma das maiores farsas do futebol nacional. O Portimonense, a namoradinha do Porto que já lhe serve de barriga de aluguer, recebia o namorado, com quem tinha agora mais um forte laço de comunhão de interesses. Em Janeiro, o Portimonense cedeu os direitos desportivos do Manafá num contrato que, ao que consta sem que tenha sido desmentido, prevê um bónus extra de 1 milhão de euros no caso do Porto vir a ser campeão. Daí que se desse a estranha situação de dois adversários se estarem a defrontar com um mesmo e comum interesse. Ao Porto, que disputa o título ombro a ombro com o Benfica, só interessava ganhar o jogo. Ao Portimonense, que se o adversário não o ganhasse perdia 1 milhão de euros - que não será muito menos de metade do seu orçamento anual - interessava exactamente o mesmo.
A encenação foi perfeita, nada lhe faltou. No pré-match, Sérgio Conceição cantou as dificuldades do jogo, e António Folha avisava o Porto do mau bocado que tinha para passar em Portimão, como tinha acontecido ao Sporting e ao Benfica, que de lá tinham saído derrotados, e ao Braga, que melhor não conseguira que o empate.
A farsa iniciou-se como se nada se passasse. O Portimonense discutia o jogo, e era quase sempre melhor que o Porto. Só que, aos 14 minutos, na primeira vez que o Porto chegou à área algarvia, um defesa da equipa da casa falha um corte e a bola sai direitinha para os pés de Brahimi. Remata à baliza, e o outro defesa adversário abre as pernas, por onde a bola passa para o golo.
Aos 14 minutos, por causa das dúvidas. A farsa continuou, com o Portimonense a jogar à bola e o Porto a ver, até chegar ao intervalo. Na segunda parte já nem houve jogo, apenas farsa. E mais dois golos, como meros incidentes da farsa.
No fim o Porto ganhou por um claro 3-0. "Vitória justa, indiscutível, mas demasiado pesada para o Portimonense" - dizem uns. "A jogar assim, o Portimonense não cai na segunda divisão" - dizem outros. E ninguém tem mais nada a dizer...