Fazer presidentes
Diz-nos hoje o "Expresso" que "Marques Mendes avalia a candidatura a Belém". Diz "avalia" porque não pode dizer outra coisa. Para não dizer que vem sendo replicado, à risca, o modelo "totoloto" de Marcelo - "é fácil, é barato e dá milhões".
É "fácil" - não custa nada, é só preparar meia dúzia de "bitaites" e juntar-lhe no fim uns livros, uma vez por semana. Mais que "barato", é de borla. E ainda lhe pagam. "Milhões", se fizermos as contas aos milhares que lhe pagam em cada semana pelas centenas de semanas de ecrã. E "dá" - garante - "milhões" de votos!
A notícia tem ainda outra "nuance" - acrescenta que também Ana Gomes está a fazer a mesma avaliação.
Para limpar a água do capote (do grupo) o "Expresso" recorre ao português e, em particular, ao verbo "avaliar". Mas também à geometria - às paralelas - para estabelecer uma linha paralela (entre o comentário televisivo e as candidaturas), onde o paralelismo não existe. De todo!
Ana Gomes, já foi candidata às últimas presidenciais. E até já Marcelo a lançou para nova candidatura. Não tem, nem o figurino, nem o espaço, nem o tempo, de antena que é dado a Marques Mendes. Nem nada que se pareça: ele, entre o senatorial e marca comercial; ela, num de "Maria vai com as outras". Ele na SIC generalista, em horário nobre; ela, no canal de notícias, noite dentro. Ele há anos, desde que Marcelo deixou a cadeira vaga, mais de meia hora por semana; ela, há poucos meses, meia dúzia de minutos.
Não sabemos se a "Impresa" de Pinto Balsemão faz presidentes. Sabemos é que não quer que se saiba que os quer fazer!