Final infeliz de uma boa história
Não sei se a Casa Aleixo é apenas mais uma vítima da pandemia, mas é certamente mais uma vítima da pandemia. Quero dizer que poderá haver outras razões para o desaparecimento deste ícone da restauração da cidade do Porto. Que poderá haver razões para que não tenha conseguido resistir às provações que o vírus nos trouxe a todos, e em particular ao sector da restauração.
Diz-se que a Casa Aleixo era o restaurante do Porto preferido dos lisboetas, mas isso parece-me redutor. A excelência daqueles filetes não dá para isso. Nunca permitem que se resuma o Aleixo a uma questão de moda ou de clube.
Na primeira vez que lá entrei, há 30 anos, tive relutância em experimentar os filetes. Ia com um amigo (de Lisboa) que fora colega de armas do Ramiro, na Guiné, e que não o via desde esses tempos, pelo que se pode imaginar a festa. Sendo um apreciador de peixe, não tinha boas experiências com filetes. Era daquelas coisas que decidimos que não gostamos e pronto...
Então o Ramiro disse-me que, ali, ou comia filetes... ou comia filetes. Comi - de pescada e de polvo - e nunca tinha comido nada assim... Voltei lá dezenas de vezes. Talvez mais de uma centena, desde então. Cada vez que ia ao Porto, sozinho, com a família, ou com amigos, por mais voltas que desse, a hora de almoço encaminhava-me para Campanhã. E invariavelmente lá encontrava outros amigos. De Lisboa, é certo.
Desconfio que me vai voltar a acontecer. Que lá voltarei a bater com o nariz na porta, como tantas vezes me aconteceu nos encerramentos para férias... Só que já sem poder contar voltar para a próxima.