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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Foram os anéis, salvaram-se os dedos!

Não era realisticamente expectável que o Benfica pudesse virar o resultado da eliminatória hoje em Milão. Não o era pelo que tínhamos visto do Inter, uma equipa de grande maturidade táctica, constituída por jogadores de grande valia individual; e não o era pelo que tem sido o Benfica das últimas semanas, num ciclo profundamente negativo, com uma sucessão de três derrotas.

Nestas circunstâncias, ultrapassar a diferença de dois golos que o Inter trouxera da Luz, se era o objectivo, era inatingível. O jogo confirmou isso mesmo, em nenhum momento o Benfica mostrou que poderia dar corpo à ideia perdida de chegar às meias-finais desta Champions.

Os objectivos para este jogo teriam de ser - e provavelmente seriam mesmo - estancar a série de derrotas e realizar uma exibição a que a equipa, e os adeptos, se possam agarrar para inverter a fase negativa que atravessa, matar a descrença, e afastar fantasmas.

À luz desses objectivos, o jogo foi interessante, e até empolgante. A perspectiva de ir além deles morreu cedo, logo aos 13 minutos. Quando, no primeiro remate do jogo, Barella marcou e deixou o Inter ainda mais confortável na eliminatória. E quando ficou claro que os argumentos que, em Lisboa, tinham sobrado à equipa italiana e faltado ao Benfica, voltavam a decidir este jogo de Milão. 

Esse golo evidenciou logo que o Inter continuava a ganhar todos os duelos. E que o Benfica mantinha no défice de agressividade o sua principal dificuldade para ultrapassar estes jogos de maior exigência. 

Foi nos duelos que os jogadores do Benfica perderam que perderam esta eliminatória. 

O Benfica só conseguiu o primeiro remate à meia hora de jogo. Mas, para isso, foi preciso um livre. De Grimaldo, que até poderia ter acabado em golo, não fosse a boa defesa de Onana. E chegou ao empate oito minutos depois, no segundo remate, na primeira boa movimentação colectiva da equipa, iniciada com um passe de grande visão de Florentino, continuada na movimentação de Gonçalo Ramos e de Grimaldo, a obrigar o muro italiano a abrir, no  cruzamento preciso de Rafa, e na excelente conclusão de cabeça de Aursenes.

O resto foi controlo do jogo por parte do Inter e, ao intervalo, mesmo com o empate, garantido só estava o desfecho da eliminatória. Os outros objectivos realistas do Benfica ainda não.

O Benfica entrou com Neres para a segunda parte. Entrou bem o brasileiro, e entrou bem a equipa. Desta vez não saiu Florentino. Saiu Gilberto, que nunca se tinha entendido em campo, com Aursenes a preencher a sua posição. Uma novidade, mas ainda haveremos de o ver na baliza. 

O Benfica entrou bem mas, mais uma vez, um erro de arbitragem para "enfeitar" esta eliminatória, depois dos da Luz. Carlos del Cerro Grande, o árbitro espanhol que no passado domingo protagonizou em Valência (no jogo com o Sevilha) uma das mais inacreditáveis arbitragens da era do VAR, não assinalou um penálti claro de Lautaro sobre Aursenes. O Benfica tinha a bola, e jogava no meio campo do Inter, que fechava todos os caminhos para a sua baliza, e parecia que estava a atingir os tais objectivos realistas.

Só que o Inter saía em contra-ataque sempre que podia. Na primeira vez que o pôde, ia a segunda parte a meio, Lautaro Martinez marcou o segundo, com uma grande execução, saindo pouco depois, substituído pelo compatriota Corrêa. Que, dois minutos depois de ter entrado, marcou o terceiro, em novo contra-ataque, e novamente num golo de grande execução. 

Em comum, nestes contra-ataques bem sucedidos, a exploração do flanco direito e da falta de rotina de Aursenes, e a falta de agressividade, passividade mesmo, no centro da defesa do Benfica. 

Faltava um quarto de hora para o fim, e o cenário mais provável era, então, de mais uma derrota. Ou até de um enxovalho capaz de afundar a equipa ainda mais.

Os jogadores sentiram isso, e e não deixaram que isso pudesse acontecer. E, ao que, não direi de bom, mas de razoável tinham feito, acrescentaram querer. E alguma agressividade, nunca antes vista. Gonçalo Guedes, que substituíra Ramos pouco antes do terceiro golo, mas especialmente Musa e João Neves, que entraram a substituir Rafa e Chiquinho logo a seguir, muito contribuíram para isso.  

E nesse quarto de hora só deu Benfica. Neres rematou ao poste. Três minutos depois António Silva reduziu, respondendo de cabeça a um livre de Grimaldo. Um dos raros golos de bola parada dos últimos jogos, curiosamente no jogo em que, mesmo sem que se tenham visto lances trabalhados, finalmente acabaram aqueles cantos curtos para trás que já só irritavam.

Nove minutos depois, já sob o cair do pano, Musa, com a presença na área que Ramos nunca conseguira, empatou o jogo, e confirmou os objectivos que, na realidade, havia para atingir.

O Inter foi melhor no conjunto da eliminatória. Foi tacticamente superior e tem inquestionavelmente melhores jogadores. Mas, no futebol, ser melhor num jogo, ou numa eliminatória, nem sempre decorre de ter melhores jogadores e até melhor táctica. É frequente que haja circunstâncias do jogo a contribuir para que uma se superiorize, e outra se inferiorize. 

Mesmo com o actual Benfica longe da "performance" anterior, a verdade é que, na Luz, há uma semana, ficaram dois penáltis por assinalar a favor do Benfica. Hoje, ficou outro. No jogo da semana passado, diz-se que por o VAR ser holandês, e estar interessado na posição da Holanda no "ranking" da UEFA. No de hoje, não sei qual seja a razão, mesmo que o Valência-Sevilha do passado domingo diga muito sobre este árbitro espanhol. 

De que não há dúvida é que, se estes três penáltis tivessem sido assinalados, tudo teria sido diferente. E, se não é líquido que o Inter tivesse sido melhor, é evidente que o resultado final da eliminatória teria sido outro.

Assim, não foi. Mas, assim, com o que foi, não há razão para não acreditarmos todos que este ciclo tenebroso se fechou hoje em Milão. Mas é preciso manter a revolta patente no último quarto hora deste jogo, sem adormecimentos. 

 

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