Fugir do amarelo para cair no vermelho
Mais uma miserável exibição da selecção portuguesa, esta noite, em Dublin. Tão má que terá mesmo sido a pior da já longa era de Fernando Santos que, como se sabe, não é um treinador muito dado a grandes exibições.
A selecção da República da Irlanda é uma das mais fracas da Europa, nesta altura. E no entanto foi, com aquele futebol vigoroso, bem britânico do antigamente, feito de querer e determinação, sempre melhor que a portuguesa. Já o jogo de há uns meses, da primeira volta, no Algarve, tinha sido muito complicado, com a vitória a surgir de um autêntico milagre, com aqueles dois golos do Cristiano Ronaldo, mesmo - mesmo - no fim. E no fim, nestes dois confrontos com os irlandeses, salvou-se o resultado. Hoje o empate até valia a mesma coisa que a vitória. Não acrescentava nem retirava nada ao jogo do próximo domingo, com a Sérvia,. Com a vitória, ou com este empate, sairia deste jogo sempre na frente do grupo, e a basar-lhe não perder para garantir o apuramento para esse estranho mundial do Qatar, no Natal do próximo ano.
Mas, como ensaio para esse jogo decisivo, foi mau de mais. E nessa medida não permite alimentar as melhores expectativas. Mas … já se sabe, cada jogo é um jogo. E este estava marcado pelos amarelos. Pelo grande número de jogadores em risco de ficarem fora do jogo decisivo. Fernando Santos optou por prescindir de todos eles - todos, não; manteve Palhinha, que esse, como se sabe, mesmo que seja amarelado nunca é excluído - incluindo os que, à partida, nunca seriam titulares nesse próximo jogo. E acabou por ficar sem o que, provavelmente, menos quereria perder: Pepe, pois claro. Igual a si próprio, e por isso expulso.
É como o escorpião - está-lhe na massa do sangue. É da sua natureza! Que, pela protecção que goza em Portugal - das arbitragens e da própria imprensa - não tem necessidade de reprimir. Com a bola controlada, sem qualquer adversário por perto e com tempo para tudo, resolveu metre-se em problemas, até se ver apertado. E logo que se viu apertado, já com um amarelo (mas até vermelho directo justificaria), decidiu eliminar o adversário à cotovelada, deixando a equipa exposta, com menos um jogador, e galvanizando, ainda mais, o adversário e o público que o empurrava para a vitória.