Futebol da treta
Foi a hecatombe. Todas as quatro equipas portuguesas foram varridas da Liga Europa logo à primeira, numa brutal demonstração das fraquezas deste pobrezinho futebol português. E ainda ouvíamos por aí uns iluminados a dizer que a Liga Europa era a competição europeia à medida dos clubes portugueses...
Mas pronto. Aí estão agora todos contentes, limitados à competiçãozinha interna que faz de conta que é competitiva.
Com três equipas a jogar em casa, todas com derrotas tangenciais e com golos marcados fora na primeira mão, apenas o Benfica não perdeu. Mas não ganhou nada com isso, com um empate a 3 golos, e foi afastado pelo Shaktar Donetz.
Na primeira parte o Benfica conseguiu superiorizar-se claramente ao adversário ucraniano. Fez o primeiro golo - cheio de classe, por Pizzi - bem cedo e ficou logo à frente da eliminatória. Mas por pouco tempo. Logo a seguir, com mais um auto-golo, mais uma vez de Rúben Dias, o Benfica deitou fora a vantagem. Voltou a marcar, na redenção de Rúben Dias, que marcou na sequência de um canto, e saiu para o intervalo com a eliminatória empatada. E sem tirar qualquer vantagem da superioridade que de facto exibiu, e que lhe deveria ter permitido resolver logo ali tudo o que havia para decidir.
Entrou bem na segunda parte, fez logo o terceiro, numa falha da defesa adversária. E voltou a ter a chave do sucesso na mão. Só que essa vantagem não durou mais de dois minutos. Num canto, e no primeiro remate, o Shaktar fez o segundo golo. Um remate, dois golos.
É azar? É! E é mais da quando, ao segundo remate, faz o terceiro e o empate final. Um remate feliz, ainda por cima na sequência de um corte em que a bola poderia ter sobrado para qualquer sítio menos para aquele.
Mas a verdade é que na segunda parte o Shaktar fez do jogo o que quis. Sempre com um futebol superior, estruturado, onde tudo saía com naturalidade, sem esforço. Controlou o ritmo do jogo como bem entendeu, explorou todos os espaços que Benfica concedeu, entrou como e por onde quis, numa banhada monumental de Luís Castro a Bruno Lage. Chegou até a parecer uma equipa do topo do futebol europeu. Que não é, nós é que estamos engolidos pela mediocridade, a anos luz da simples mediania.
O resto são tretas deste futebol da treta!