Ganhar faz bem
São as vitórias que fazem com que se ganhem jogos como este de hoje, em Portimão. Ganhar é importante para garantir pontos e classificações, mas é indispensável para inverter as coisas quando não correm bem.
Sem a vitória no último jogo, com o Vitória, de Guimarães, dificilmente o Benfica teria ganho este jogo de hoje. Teve tudo para se tornar em mais um jogo da série negra. O Benfica entrou com o habitual dispositivo de jogo, mas com três novidades na equipa - Otamendi e Weigl, regressados após cumprimento da suspensão pelo quinto amarelo, e Yaremchuk no lugar de Darwin, no banco, ao que se diz por ter estado engripado. E com a habitual pasmaceira, com um futebol lento, previsível, sem movimento, sem profundidade e sem baliza. Remates, nem por sombras ... O Portimonense, interessado em defender lá atrás, agradecia.
Estava tudo entretido naquele jogo que não dava para nada quando um apanha-bolas tropeçou num painel de publicidade e caiu, precisando de assistência e quebrando com a tranquilidade reinante no relvado. O jogo esteve interrompido por largos minutos e quase não se notou a diferença entre o jogo que se estava a jogar e o que estava parado.
Pouco depois de recomeçado, em tempo contado aí pelo que seria o meio da primeira parte, o Benfica consegue a primeira espécie de oportunidade de golo, por Gonçalo Ramos e, logo de seguida, Taraabt falhou mais um passe, Otamendi ficou a dormir, e o Portimonense, na primeira vez que chegou à baliza de Vlachodimos e no primeiro remate, marcou.
Era o costume. O que sempre tem acontecido, à excepção daquele último jogo, o tal da vitória importante. E péssimo presságio para o que poderia estar para vir. O Benfica acusou o golo, como sempre, e o Portimonense estava cada vez mais como queria. Quando era preciso reagir, a rapaziada da claque decidiu festejar com fogo de artifício o 30º aniversário. Ao minuto 30 encheu o relvado de luzes e fumo, mais fumo que luzes, e o árbitro, o nosso amigo Fábio Veríssimo - foi uma tarde/noite de Veríssimos, era o árbitro, era o treinador do Benfica e ainda o adjunto de Paulo Sérgio, que ficou a comandar a equipa por expulsão do treinador principal do Portimonense - suspendeu o jogo.
Valeu que aquela rapaziada, para além de esgotar a paciência de toda a gente, também esgotou as munições. E o jogo lá foi retomado despois deles terem terminado a festa. A verdade é que o espectro de o jogo poder ter acabado ali mesmo parece que fez bem aos jogadores do Benfica. E nos 15 minutos que se seguiram em modo de tempo de compensação foram melhorzinhos. Deu para o empate, de Grimaldo, depois de um canto, num pontapé de ressaca de fora da área. E poderia ter dado até para virar o resultado, num livre cobrado pelo lateral esquerdo que saiu a centímetros da baliza, com o guarda-redes adversário completamente batido.
Na segunda parte, já sem interrupções, o jogo foi diferente, para melhor. Logo no início, de novo na sequência de um canto, Gonçalo Ramos marcou o golo da reviravolta, que assegurou a vitória. E o Portimonense deixou de ter as coisas a correrem-lhe de feição.
Mesmo assim esperou pelo último quarto de hora para alterar a sua postura e para se adiantar no relvado. Esperou certamente que o Benfica se mantivesse à procura do golo da tranquilidade, e guardou a baliza para, depois, com o resultado em aberto, correr então riscos à procura do empate. Não se poderá dizer que o Benfica não tenha procurado o terceiro golo, mas não teve futebol para criar grandes oportunidades para isso. Os dois golos, e a circunstância que lhes é comum, ilustram essa dificuldade
E quando o Portimonense subiu no terreno e abriu espaços, voltou a não ter futebol para matar o jogo. As transições ofensivas, que antes eram o trunfo maior da equipa, e o responsável pelas goleadas de há uns meses, são hoje apenas boas recordações. Falha sempre o passe, a recepção, o movimento ou a decisão.
Pode ser que esta vitória - ainda com o resultado melhor que a exibição - seja mais um passo para que, aos poucos, também esses requisitos comecem a regressar à equipa. Para já vamo-nos contentando pelo azar já não estar sempre a bater à porta. É que o Portimonense até criou duas boas oportunidades para marcar. Noutras alturas teria mesmo marcado!