Gestão do bom senso
A decisão da administração da TAP de substituir a sua frota automóvel poderá até estar carregada de racionalidade de gestão. A crer nas suas explicações, dadas em comunicado, até seria o caso, não fosse a poupança anual de 630 mil euros ficar à partida como suspeita quando se trocam carros da Peugeot por carros da BMW. E, mais suspeita ainda, a garantia dada pela administração que essa foi a opção mais barata.
Ainda poderíamos admitir que as contas da poupança revelada estivessem certas pela via fiscal. Os carros híbridos, na aquisição, mas principalmente no uso, gozam de vantagens fiscais consideráveis, que poderão eventualmente convergir naquele resultado. Já que uma proposta BMW seja mais barata que uma Peugeot, será bem mais difícil de admitir.
Poderemos admitir com elevado grau de probabilidade que, se os velhos Peugeots tivessem sido substituídos por novos Peugeots - híbridos, que também os tem - o assunto nunca se teria atingido a dimensão de escândalo nacional.
E no entanto, se acreditarmos nas justificações que a administração da TAP apresentou, o "escândalo" seria até maior.
Valha que, no fim, o bom senso que sempre faltou, e que, por mais estranho que pareça, nestas coisas da gestão tantas vezes se sobrepõe à racionalidade, acabou por chegar com a anulação da operação. Só faltava que agora tivesse de pagar uma indemnização qualquer...
Para custos já chegou. E são bem altos, os de reputação e de credibilidade de uma empresa onde, mais que nunca, tudo terá de ser gerido com pinças. E claro, com bom senso!