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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Como escrever bem: 39 dicas que você não pode ignorar!

Gostava de ter escrito isto:

"... Acho muito bem que o Movimento Europa e Liberdade (MEL) faça uma convenção com os seus; acho muito bem que convide quem entender; acho muito bem que, se Sérgio Sousa Pinto, Álvaro Beleza e Luís Amado se sentem bem lá, devem ir; acho muito bem que se o MEL quer Ventura lá, o convide; e acho que a clarificação que daqui resulta é positiva para a política portuguesa. O caso de Rui Rio fica para o fim.

A clarificação vale muito e a lista de pessoas vale muito mais. No seu núcleo duro está a tribo. Este núcleo vem da comunicação social, em particular do principal think tank da direita radical em Portugal, o grupo de comunicação social do Observador, online, rádio e revistas, que pelos seus financiamentos é claramente um braço armado de um lóbi empresarial, e assenta numa lógica política sectária. O jornal tem qualidade e, de novo, ainda bem que existe. Mas convém não ter a ilusão de que se trata de um projecto de comunicação social – é um projecto político da ala mais radical da direita portuguesa e o que verdadeiramente nele conta é a opinião e a mobilização da tribo pelos comentários. E é essa opinião que está em peso no MEL, Rui Ramos, José Manuel Fernandes, Helena Matos, Jaime Nogueira Pinto, Alexandre Homem Cristo, João Marques de Almeida, Vítor Cunha, etc."
 
Esta lista comunica com blogues, alguns actualmente muito próximos do Chega e da extrema-direita, que não é a mesma coisa que a direita radical. E tem uma presença muito activa nas redes sociais, a que se acrescenta a opinião no PÚBLICO (Fátima Bonifácio, João Miguel Tavares) e no Jornal de Negócios (Camilo Lourenço, Joaquim Aguiar), na imprensa económica em geral, e nas televisões em sinal aberto, com Portas e Júdice. Só a lista de nomes e posições revela como a vitimização da direita sobre o acesso aos órgãos de comunicação social é apenas isso, vitimização, para se apresentarem como perseguidos quando têm vindo a aumentar significativamente a sua presença nos jornais, rádios e televisões. O problema não está tanto na opinião, está na crescente influência na agenda editorial. De novo, para não haver mais daquelas confusões intencionais, acho muito bem na opinião, até porque alguns deles são gente com qualidade. Agora não me venham com histórias da carochinha sobre vitimizações.
 
A Maçonaria está também presente, a do PSD e a outra, da direita radical. Depois há gente do PSD, e da Aliança, na sua esmagadora maioria opositores de Rui Rio, vindos do “passismo”, reciclado em nostalgia da troika, como Morgado, Pinto Luz, Paulo Sande, Nogueira Leite, etc. Do mesmo modo, a esmagadora maioria dos presentes que não são do PSD andaram nessas águas durante o governo Passos-Portas-troika e são agressivos opositores de Rio, que tratam como uma espécie de traidor serventuário de António Costa e do PS. Para eles, o que é preciso é correr o mais depressa possível com Rio para “reconfigurar a direita” com o único partido que tem votos, o PSD.
 
Há outra questão. O MEL não está a fazer um colóquio ou um debate, está a fazer uma “convenção”. Isso significa que há pertença, e é por isso que tem sentido falar de uma espécie de “congresso” de uma certa direita, a direita que inclui o Chega, a Iniciativa Liberal, o CDS e… parte do PSD.
 
Depois, o resto é o que se espera. Nenhum problema do país, e da sua realidade de atraso, pobreza, exclusão, desigualdade, injustiça, exploração, desequilíbrio nas relações laborais, baixos salários, débil protecção social, ambiente, corrupção, estará presente nas intervenções, ou, se não estiver ausente, será de forma perversa, para falar de outras coisas. Nem nenhum problema sério da direita conservadora, democrática e liberal será lá discutido. Compreende-se que seja assim, não é para isso que eles vão lá.
 
Os três problemas desta direita serão iludidos. O primeiro problema da direita é a ineficácia eleitoral, não é o adormecimento das pessoas pelas habilidades de Costa, nem a “perseguição” de que são “vítimas”, nem o esmagar das liberdades do povo português manipulado pelo PS a pretexto da pandemia. Tretas. O segundo problema, que é a causa do primeiro, é a sua radicalização e tribalização. Criam grande identidade e militância, para dentro, mas marcam fronteiras de ferro e fogo para fora. Para além da sua fronteira, todos são comunistas ou idiotas úteis da esquerda. E a tribo está longe de ser grande, daí o desejo de capturarem o PSD e o estarem à vontade com o Chega, porque precisam do populismo agressivo. Desprezam-no como gente fina que são, mas precisam de alguma rua. O terceiro problema, que deriva do segundo e explica o primeiro, é a errada análise da realidade política, com uma aproximação ideológica e política que tem medo de dizer ao que vem, com uma enorme ambiguidade em relação à ditadura e à guerra colonial, com contradições profundas entre um nacionalismo de bandeira e a aceitação do poder não-democrático da Europa, se lhes servir de reforço para a TINA, entre o reaccionarismo de costumes, a agenda evangélica à portuguesa e às modas a que são sensíveis pela idade e pelo corpo, entre o machismo, a xenofobia, o racismo e o autoritarismo para que tendem, e a perversão da palavra liberdade.
 
Tenham, pois, uma boa convenção. Mas, o que é que Rui Rio está a fazer lá?»
 
José Pacheco Pereira - Público.
 
 

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