Há 10 anos
Sem que o esteja anunciado anuncia-se para o primeiro trimestre do novo ano um novo jornal. Ano novo, jornal novo: um semanário! Promovido, ao que se diz, pelo famoso Rui Pedro Soares, dirigido por Emídio Rangel e pronto a fazer cumprir um velho desígnio do PS, tantas vezes perseguido, outras tantas atingido e outras tantas ainda falido.
Mas assim é que é: quem quer controlar jornais ou fá-los ou compra-os! O Rui Pedro Soares, para não falhar este desígnio, aposta nos dois tabuleiros: quer comprar o SOL, ao que se diz em troca da indemnização que reclama, mas, prevenindo qualquer eventual insucesso nesta pretensão, avança no plano B e vai fazer o seu próprio jornal!
Não tenho dúvidas sobre o sucesso do projecto. Por uma lado um eminente gestor – o boy Rui Pedro – e, por outro, um senhor comunicação que lançou a TSF e a SIC e recuperou a RTP! Uma dupla perfeita e … de sucesso!
Ao primeiro, capacidade empresarial não falta. Como se viu na PT, onde foi o verdadeiro mentor da ambiciosa estratégia de desenvolvimento empresarial a partir da decisiva aposta na indústria de conteúdos de que a TVI era, obviamente (e apenas!!!) o principal pilar. Nem sequer capacidade de gestão, como se viu no Tagus Park. Nem capacidade financeira, depois do curto mas intenso processo de acumulação de capital que a sua passagem pela administração da PT lhe proporcionou – ao que se diz 1,533 milhões em salários em 2009 acrescidos de 1,8 milhões de indemnização pelo abandono prematuro do Conselho de Administração.
Ao segundo, a Emídio Rangel, não lhe falta perfil. Ao profundo conhecimento operacional acumulado em jornais, rádio e televisão, juntou as recentes aptidões de comentador e defensor oficial da situação. É o dois em um do projecto!
Só há um pormenor, um pequeno problema. Não, não é o facto do negócio de jornais ser um quase ilimitado sorvedouro de recursos, porque dinheiro, para estas coisas, nunca será problema: ninguém liga nenhuma ao Eric Cantona. É o mercado! Ou será que, também para estas coisas, nunca haverá crise? Que haverá sempre os mesmos do costume dispostos a assegurar muitas páginas de publicidade?
Afinal os negócios não estão parados. E há apetites insaciáveis!