Há 10 anos
Acabo de ouvir, pela boca do bastonário Marinho Pinto, que a Ordem dos Advogados exige a demissão do Director Geral dos Serviços Prisionais e vai accionar criminalmente o Director da Cadeia de Paços de Ferreira e os membros do comando do GISP, pela sua intervenção nessa cadeia em Setembro passado e divulgada esta semana partir de um vídeo publicado pelo jornal Público.
Acusa-os da prática do crime de tratamento cruéis e desumanos e, pelo meio, lá vai denunciando a cultura de repressão do sistema prisional. Em vez da politicamente correcta cultura de sociabilização!
Acho extraordinário!
Se eu e os meus concidadãos – que não o extraordinário Marinho Pinto – não fomos completamente enganado por tudo o que veio a público sobre o assunto, o nosso concidadão preso, coitado, apenas se recusava a abandonar a cela imunda de restos de comida e de dejectos. Os dejectos, para além inundarem a cela, serviam para o recluso – pessoa altamente sociabilizada, é bem de ver – barrar o seu corpo e ainda para arremessar a tudo o que mexesse em direcção à porta. Comportamentos humanamente normais e nada cruéis!
Não sei como é que gente extraordinária como Marinho Pinto resolveria uma situação destas. Sabe-se como a Cadeia de Paços de Ferreira resolveu: com uma intervenção toda ela preparada e devidamente autorizada pela cadeia hierárquica. Por quem de direito!
Claro que o recluso é, embora não pareça, uma pessoa humana. Prezo-me de colocar a exigência pelo respeito da dignidade humana primeiro que tudo. E acima de tudo! E, neste caso, não tenho dúvidas de que lado está… Não é do lado do recluso! Nem é do lado desta gente extraordinária que acha que os mecanismos garantistas não conhecem limites. Nem os do bom senso! E que acha que, entre polícias e ladrões, tem de estar sempre do lado dos ladrões…