Há 10 anos
Gostei de ouvir o que disse sobre Alberto João Jardim e a Madeira, gostei de ouvir o que disse do TGV e gostei de ouvir o que disse da TSU, aqui sim, uma novidade. Já não gostei de ouvir o que disse da RTP, nem das restantes privatizações, embora nada do que disse tenha sido novidade.
Sobre a Madeira foi claro, claro como nunca ninguém havia sido. Também nunca se tinha chegado tão longe, é verdade. Mas, em perfeita igualdade de circunstâncias, compare-se com o Presidente...
Acabou com as dúvidas que o ministro da economia tinha permitido sobre o TGV. Percebemos que está ali uma solução que não é tão radical como se anunciara, que há ali pontes para unir interesses. De cá, de Madrid e de Bruxelas… Não há TGV mas também não acabou esse mundo!
Não há a redução da TSU que o memorando da troika previa, com compensação fiscal através dos aumentos do IVA, como muito boa gente vinha defendendo e que me causava verdadeiros arrepios. Mas há – poderá haver – redução da TSU para as empresas que criem emprego. Isso sim, faz sentido!
Justificou a privatização da RTP com o colossal volume de despesa da estação pública, mas avança com uma opção de privatização que não faz sentido: privatiza o que gera receitas para manter a despesa em poder do Estado. Mantém a despesa e mantém uma estrutura assente no compadrio partidário!
É certo que não esperava novidades sobre o calendário de privatizações já tornado público. Mas não me parece bem que se avance com a privatização das principais participações do Estado nesta conjuntura altamente negativa e complexa. Não é esta a altura para vender posições como as da Galp ou da EDP. Ou para vender empresas como a REN, a TAP e a ANA. Parece-me mal a anunciada receita esperada de 7 mil milhões de euros. Mal por ser anunciada e mal, muito mal, por ser escassa. Dá para pagar uns juros, nada mais. Lembramo-nos bem que esse foi o valor por que a PT vendeu a sua posição na VIVO à Telefonica. É pouco, não é?
Evidentemente que não me surpreendo com a possibilidade de ter que voltar a negociar com a troika. O primeiro-ministro é realista ao prevê-lo e é sério ao admiti-lo já. Mas não o devia dizer!