Há 10 anos
Quando a Madeira já chegou à Madeira discute-se a falta de uma disposição de limitação de mandatos. Houvesse limitação de mandatos e há muito que Jardim teria deixado de brincar connosco, diz-se. Ou teria ido pregar para uma outra qualquer freguesia, eventualmente com muito menos brinquedos!
Num país que foi outrora pátria de amanhãs que cantam há uma democracia com limitação de mandatos. A presidência daquela República está limitada a dois mandatos de quatro anos, como mandam as boas regras da democracia!
Alguém neste país terá provavelmente entendido que os mandatos eram curtos, que quatro anos é pouco tempo para executar obra e construir a felicidade do povo. Foi decidido aumentá-los para seis anos, a nova periodicidade do próximo mandato. É aceitável e já assim é nalguns países, que não são menos democráticos por isso.
Este país de que vos falo é, como já terá dado para perceber, a Rússia. Que vai a eleições presidenciais em Março do próximo ano, que também já foi o país dos czares, e que, desde a queda do império soviético, descobriu uma democracia muito particular: a czardemocracia!
É simples: o czar é primeiro entronado e depois eleito. A seguir escolhe um secretário e, como bom czar que é, nomeia-o primeiro-ministro. Esgota os seus mandatos e troca com o secretário: passa ele a primeiro-ministro e manda votar no secretário para a presidência que, esgotados os dois mandatos, lhe devolve de novo a presidência, entretanto com mandatos constitucionalmente mais alargados. Tudo constitucional. Tudo democrático, tudo decidido pelo povo eleitor!
Houvesse limitação de mandatos nas regiões autónomas e teria sido o Alberto João a descobrir esta fórmula mágica da democracia, roubando a patente a Putin. O Mr Dupont e o Mr Dupond seriam Vladimir Alberto João Putin e Dimitri Jaime Ramos Medvedev!
Quando as coisas são como são e o povo é como é, isso da limitação de mandatos, como diria a outra, não interessa nada!