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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Há 10 anos

O retrovisor da vida: olhando para trás e vendo coisas boashttps://quintaemenda.blogs.sapo.pt/120789.html

O Presidente Cavaco Silva tem alguns problemas com o sentido de oportunidade. Quando deve falar não fala, e fala quando deve ficar calado! Raramente diz o que deve e é frequente dizer o que não deve!

Na semana passada, no Instituto Universitário Europeu, em Florença, com a excepção, confirmou a regra. Quando, no seu melhor discurso sobre a Europa – de que raramente o tínhamos ouvido falar – apontou as origens da crise europeia, os seus responsáveis - a Alemanha e a França, os primeiros a violar o limite do défice – e as medidas que importa urgentemente tomar, foi oportuno: disse exactamente o que deveria ser dito, no momento próprio, e no local apropriado. Já quando permaneceu mudo perante a situação da Madeira ou quando, como ontem, se pronunciou sobre o Orçamento, os cortes nos subsídios de natal e férias e a desigualdade na distribuição dos sacrifícios, regressou ao seu normal desempenho: calado quando teria de falar e a falar quando teria de estar calado!

Devo começar por dizer que estou inteiramente de acordo, como não poderia deixar de ser pelo que por aqui tenho escrito, com tudo que o PR disse. Acontece que ele não pode dizer aquilo que eu, ou qualquer outro cidadão normal, posso. E não é sequer pelas abismais diferenças de responsabilidade, é simplesmente pelas consequências.

O que o Presidente ontem disse sobre as medidas constantes no Orçamento tem que ter consequências, num momento em que não pode ter nenhuma!

Quando, no seu discurso de posse, Cavaco afirmou que os sacrifícios dos portugueses tinham limites, abriu a caixa de Pandora. Naquele momento ficou impedido de, agora, ficar calado. Dizendo o que então disse, Cavaco não poderia deixar de criticar os imensamente maiores sacrifícios que agora este governo está a exigir; não poderia deixar de dizer que não mudou de opinião porque mudou o governo.

O problema é as consequências. Quando, em Março, produziu aquele discurso, as consequências foram imediatas. E óbvias: a corda esticou e partiu de imediato, com o famoso PEC IV a não servir de mais que simples adereço fúnebre do governo de Sócrates. Agora, as consequências não seriam menos óbvias: pedido de verificação de constitucionalidade ou mesmo veto do orçamento! O PR não pode promulgar um orçamento com medidas que condena e reprova e que, embora o não tenha expressado directamente, deixa entender serem inconstitucionais.

Cavaco não pode deixar de tomar esta atitude. Mas também não a pode tomar!

Cavaco, para além do político no activo com mais anos de actividade e com mais experiência política, é ainda apresentado pelos analistas políticos como o mais sagaz, calculista e matreiro de todos. Custa a perceber como se deixou enrolar nesta ligadura gigante…

A primeira consequência deste imbróglio é evidente: o PS, que o governo tanto queria colar à aprovação deste orçamento, fica completamente desobrigado de não votar contra. E com as costa bem quentes!   

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