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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Há 10 anos

O retrovisor da vida: olhando para trás e vendo coisas boas

Mexer é tocar. Também pode ser apalpar, agitar ou até misturar. Depende das circunstâncias, e às vezes da hora e do local. Mexer na equipa é futebolês, o que quer dizer que não é nada disso!

E é caso para dizer que ainda bem. Quando os adeptos – mais as adeptas, deve dizer-se – se empurram e se esticam todos, em ambiente de maior ou menor histeria, pretendem a penas tocar nos jogadores. Admitamos que um(a) ou outro(a) possa mesmo querer apalpar este ou aquele, mas nunca mexer na equipa!

Mexer na equipa é privilégio único do treinador. Por muita que seja a tentação de alguns presidentes este é, entre muitos outros, um privilégio do treinador. Mesmo que, para muitos, isso se transforme num autêntico calvário!

Alguns treinadores são mesmo tentados a tocar nos jogadores, não por qualquer tendência ou orientação mais íntima, mas porque, às vezes, se comportam mesmo como adeptos. Lembrar-se-ão, pelo menos alguns dos menos jovens, de Quinito – um setubalense de gema que, depois de uma interessante carreira como jogador, por cá (Académica, Belenenses e Braga, que me recorde) e por Espanha (integrou aquela primeira vaga – se é que se pode chamar vaga – de emigração para o lado de lá da fronteira, onde jogou no Santander), teve uma curta carreira de treinador, onde se celebrizou mais pelas suas expressões patuscas (muitas entraram directamente no léxico do futebolês) que pelo sucesso dos seus resultados – que, quando Pinto da Costa o contratou para treinador do Porto, apareceu nos jornais a dizer que a primeira coisa que faria era pedir autógrafos aos jogadores. Correu mal, um mês depois estava desempregado e, se não estou em erro, nunca mais voltou a treinar!

Na verdade o Quinito não pretendia portar-se como adepto. Ele não queria tocar nos jogadores, queria tocar os jogadores! Com aquilo ele não pretendia exactamente mexer na equipa mas, aumentando-lhes o ego, mexer com a equipa. Que é outra coisa, e esta já não exclusiva do treinador!

Quando o treinador mexe na equipa está, na realidade, a mexer na sua constituição, a introduzir alterações. A substituir jogadores mas também a substituir ideias, a corrigir posições individuais ou posicionamentos colectivos, ou a emendar opções tácticas, seja no decorrer do jogo seja entre jogos, no decorrer da competição. Quando mexe com a equipa está a entrar no domínio mental e psíquico da equipa, introduzindo-lhe, se bem sucedido, factores de motivação. Ou destruindo-os quando, como aconteceu ao Quinito, as coisas, por erro de cálculo – na circunstância o ego dos jogadores encheu em demasia e roubou a autoridade ao treinador - não correm bem!

Em equipa que ganha não se mexe - é o axioma mais dogmático do futebol! Ninguém o discute. Mas foi isso que tramou Paulo Bento no jogo da selecção na Dinamarca: a equipa não tinha jogado nada no Dragão, com a Islândia. A defesa fora miserável, sofrendo três golos de uma equipa da terceira divisão europeia. Mas, como a equipa tinha ganho, o seleccionador nacional seguiu a regra e não lhe mexeu! Foi o que se viu…

Quem já não consegue dormir só de pensar em mexer na equipa é Vítor Pereira, o treinador do Porto. É cada tiro cada melro! Quando chega a hora de mexer na equipa invariavelmente retira do campo o que estiver a jogar melhor. Quem estiver menos mal, assim é mais bem dito.

Claro que estas coisas têm muito de sorte e azar, ao ponto de muitos treinadores gostarem de comparar as substituições aos melões. Só depois de abertos… E o Vítor Pereira não tem realmente sorte!

Reparem: integrava uma equipa técnica de onde saiu apenas o seu membro mais mediático. O mais competente – ele próprio, que ensinava o miúdo Vilas Boas e que, por isso, foi de imediato a primeira opção do infalível Pinto da Costa – e a restante equipa ficaram. Do quadro de jogadores apenas saiu um. Um único, e entraram mais uns dez, num plantel que acabara de ganhar quase tudo o que havia para ganhar. Tudo perfeito, nada havia para mexer! Era só continuar, a inércia faria o resto!

É mesmo preciso ter azar! Com tudo tão perfeito, só mesmo com muito azar seria obrigado a mexer na equipa! E isso não de lhe poderia acontecer. Logo a ele que, caramba, pode não ter muito jeito para mexer na equipa, mas sabe mexer com a equipa. Nota-se logo num discurso colado com cuspo ao de Mourinho. Ou ao de Vilas Boas? Ele que até sabe como se recortam jornais para colar no balneário…

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