Há 10 anos
O Banco Central Europeu não pôs as rotativas a trabalhar mas foi quase como se pusesse. Colocou uma pipa de massa ao dispor da banca, para injectar liquidez: uma boa notícia!
Os bancos, 522 bancos europeus, correram a esse dinheiro como lobos famintos atrás de um rebanho e sacaram quase 500 mil milhões de euros. Os mercados financeiros, em vez de se tranquilizarem com esta volumosa injecção de dinheiro no sistema, ficaram ainda mais nervosos: acharam que toda aquela fome de dinheiro era mau sinal. Resultado: os juros das dívidas soberanas dispararam e o risco de incumprimento subiu para uma série de países europeus, entre os quais já a Áustria e a França! E a taxa de juro para a Itália voltou para os 7%!
Vá lá a gente perceber isto… Preso por ter cão e preso por não ter!
O que restava da EDP nas mãos do Estado foi parar a mãos chinesas. Dizia-se por aí que seriam os alemães da E-ON, que Angela Merkl tinha dado a volta a Pedro Passos Coelho, o que nem sequer era muito difícil. Mas não, o governo privilegiou o encaixe em detrimento de opções mais naturais, como seriam a alemã ou a brasileira. Terá sido a melhor opção?
Há quem defenda que sim, que para além de receber já mais dinheiro, o governo, com esta opção, favorece as condições de financiamento da EDP. Mas também há quem veja esta opção como de curto prazo, e errada do ponto de vista estratégico. A China não vem acrescentar valor, nem traz quaisquer outros apports sinergéticos!
Mas vá lá a gente perceber isto: então privatizar não é, por definição, entregar a privados? Ora o governo vendeu ao Estado Chinês, a uma empresa pública chinesa! O maior accionista da EDP continua a ser o Estado. Só que o chinês!