Há 10 anos
Passos Coelho diz agora que os portugueses são piegas. E que têm de deixar de o ser, que têm que passar a ser gente determinada, que vai em frente e que tudo leva à frente!
Passos Coelho perdeu o tino e a vergonha. Vive noutro país se não mesmo noutro mundo. Para ele não há portugueses que perderam o emprego, não há portugueses que caíram na rua despejados das suas casas que não conseguiram pagar, não há portugueses que já não conseguem comprar os medicamentos de que precisam nem portugueses que passam fome. Para ele há portugueses, em abstracto. E piegas!
Não há portugueses que sofrem: em silêncio ou ainda com força para o protesto. Há portugueses que, piegas, se queixam das condições de vida que começam a ter o seu rosto…
Isto não é apenas insensibilidade social, começa a ser desprezo pelos portugueses. Não pelos portugueses em abstracto - que, ao contrário do que possa pensar, não existem – mas pelos portugueses que sofrem e até pelos que, já no final deste mês, irão ver que voltam a levar menos dinheiro para casa.
Pedro Passos Coelho trilhou um caminho que o está a afastar do país, se é que alguma vez dele esteve próximo. Nem o país se revê nele nem, pelos vistos, ele se revê no país. Nem nos portugueses!