Há 10 anos
A OCDE lançou hoje mais um balde de água gelada sobre todos nós. Pelas suas previsões o PIB cairá 3,2% este ano e 0,9% no próximo, e falharemos o défice previsto para este ano e para o próximo. O desemprego continuará a crescer, atingindo os 16,2% no próximo ano.
Nada que não se esperasse!
O desemprego real é já bem mais alto que aquela previsão e no cumprimento das metas do défice apenas o governo acreditava. Ou dizia acreditar!
O governo tem dito que não há alternativa ao cumprimento do programa de ajustamento e que o défice será cumprido, custe o que custar. O ministro das finanças tem dito ultimamente que não haverá agravamento das condições de austeridade.
Chegamos ao ponto em que não é possível conciliar estas duas posições do governo. O primeiro-ministro ainda ontem, em Chicago, voltava a reafirmar que Portugal não precisa nem de mais tempo nem de mais dinheiro. Quer dizer, que negociar o que quer que seja com a troika está fora de causa.
Não há milagres, se assim é, terão que aí vir novas e mais medidas de austeridade. Todos sabemos que o governo tem dois pesos e duas medidas. Que a palavra dada vale muito numas circunstâncias e nada vale noutras. E, depois do corte nos subsídios de férias e de Natal, todos sabemos quais são as circunstâncias em que não vale nada!
O que nós não sabemos é a que é que o governo ainda pode lançar mão… Que vai cair sobre os mesmos de sempre, não temos dúvida nenhuma!
Entretanto a troika está de regresso, para nova avaliação. Provavelmente para continuar a dizer que estamos no bom caminho!