Há 10 anos
Depois de uma ausência mais prolongada que o esperado o futebolês regressa, para ficar mais umas semanas. Não regressou com o início das competições da nova época mas, talvez por isso, regressa com uma novidade. De que, provavelmente, muitos dos leitores ainda não deram conta…
Mas vamos por partes. O futebolês é uma língua viva, aberta à dinâmica da comunicação e, muito provavelmente, gerida e administrada por um Conselho de Sábios, sempre atento a necessidades de renovação. Uma coisa assim parecida com o Acordo Ortográfico, só que menos polémica!
Presumo que este Conselho de Sábios tenha trabalhado arduamente durante este defeso que, por culpa do Campeonato da Europa, até foi mais curto que o habitual. Mais exigente ainda, por isso.
Mas valeu a pena, e aí está: Esquema Táctico!
Mas – perguntarão aqueles que ainda não deram por esta expressão na boca dos novos especialistas com que as televisões nos brindaram para esta nova época - o que é isso?
Pois, é nem mais nem menos, que um neologismo para bola parada! Os sábios devem ter achado que era tempo de mandar a bola parada para o baú das velharias, lá bem para o fundo, onde acaba por ir parar tudo o que não consegue resistir aos implacáveis caprichos da moda.
A partir do início desta época desportiva os comentadores – e todos aqueles que de qualquer forma lidam com esta preciosa linguagem – dividem-se em duas categorias: os prá frentex, que elogiarão os esquemas tácticos de Jorge Jesus, e os botas-de-elástico, que continuarão a enfatizar a forma com Jesus trabalha as bolas paradas. Claro que isto é uma forma de expressão, porque, na realidade, os esquemas tácticos ou as bola paradas de Jesus, são chão que já deu uvas: viu-se uma novidade logo no jogo inaugural da liga, com o Braga – de belo desenho, sem dúvida, mas também de grande complexidade, realmente mais esquema táctico que bola parada – mas nem resultou nem se voltou a ver repetida.
Confesso que estou com alguma expectativa em perceber como passarão a ser classificados os penaltis e os livres directos, os que resultam em golo. Antes pertenciam inequivocamente à categoria dos golos de bola parada. Se passarem a ser golos de esquema táctico não bate lá muito certo…
Muitas vezes são golos de esquemas, mas de outros, como o da imagem!
Subsiste outro pequeno problema: é que o esquema táctico conflitua facilmente com o sistema táctico. Nada que um curto período de adaptação não resolva, responderá certamente o Conselho de Sábios, com o apoio de todos os prá frentex…
Há sempre resposta para tudo, mesmo que disparatada!