Há 10 anos
As jornadas parlamentares da coligação deste fim-de-semana, com que os partidos da maioria quiseram mitigar a crise que os une, trouxe-nos, a par de alguns momentos de humor proporcionados pelo ministro Aguiar Branco, pelo ministro Relvas ou até pela ministra Teixeira da Cruz, um novo enigma político.
Vítor Gaspar já tinha começado a falar de maratona, mas como pouco depois Aguiar Branco falava de rações de combate para duas legislaturas, sem perceber bem que o seu forte não é certamente o humor, a imagem das dificuldades da maratona lá por volta do quilómetro 35 ficou um bocado perdida. E lá veio depois Passos Coelho com a refundação: a refundação do Memorando da Troika!
Depois de toda a gente ter percebido que as coisas corriam muito mal, chegou a vez de ser o governo a ter essa percepção. Ou de começar a dela dar conta!
A fase do “nem mais dinheiro nem mais tempo” já lá vai e Vítor Gaspar diz-nos que é grande a probabilidade não conseguirmos concluir a maratona. E Passos Coelho, que nunca quis sequer ouvir falar em renegociação, fala de refundação.
Ninguém sabe o que é que entende por refundar o Memorando da Troika. Nem António José Seguro, que deveria saber... E perceber por que era o PS para ali chamado.
Mas sabe-se – Passos Coelho sabe, e Seguro deveria saber - que a próxima avaliação da troika, já em Novembro, vai estourar com o Memorando. E que virá outro (a) caminho. Não há refundação nenhuma, o que aí vem é um segundo resgate. E nele vai ser preciso envolver o PS: é disso que refundação é eufemismo!
A teimosia e a incompetência de Gaspar e Passos deram nisto como, há muito, muitos sabíamos…Deu na Grécia, sempre um passo à nossa frente. Já no terceiro resgate, e em mais perdão de dívida: agora tocam-nos 1.100 milhões que nos calharam em sorte – por solidariedade, não era? - em 2010 e já em 2011. Lembram-se?