Há 10 anos
Quando se julgava que as cartas eram já espécie extinta, ei-las na primeira fila da política portuguesa.
Primeiro foi a carta de António José Seguro – chamar-lhe-ia a carta da tranquilização - à troika, que andou semanas nas primeiras páginas dos jornais. Aquela que foi a primeira vedeta em forma de epístola, acabaria carta de corpo inteiro apenas no próprio dia da moção de censura. Só então levou a data que fez dela uma carta inteira. Nem a falta de data lhe impediu a fama!
Compreende-se. É que data era mesmo o que já faltava à mãe: a moção de censura, quando foi anunciada.
Provavelmente com inveja do sucesso da carta de Seguro, Passos Coelho, que não é de se ficar, não faz a coisa por menos e lança mão da resposta. Não uma, mas duas. Duas cartas, que não sendo de resposta à outra, seriam a resposta à altura…
Uma para a troika. Também. Não podia deixar de ser!
Foi hoje conhecida e já é famosa. É a tal que diz à troika onde vai fazer os cortes, os tais que haverão de compensar as maldades do Tribunal Constitucional. E que os parceiros sociais quiseram conhecer hoje na reunião do Conselho Económico e Social. Mas dela nem sombra, nem a ministra Assunção Cristas a conhecia. Ouvira falar dela, não mais que isso!
Outra ao próprio Seguro, a marcar uma reunião para amanhã. Quer voltar a poder contar com o seu ombro amigo…
Francamente… No tempo dos telemóveis de enésima geração, dos sms ou dos mails, uma carta a pedir uma reunião para amanhã... Está-se mesmo a ver que o Seguro vai responder já com outra carta. Mesmo que para dizer apenas que amanhã não pode, que já tem a troika. Ou que até gostaria, mas que o Mário Soares não deixa!
Só para deixar a coisa empatada. São danados estes dois. Até às cartas gostam de jogar, mesmo que já não tenham trunfos.