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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Há 10 anos

RECORDAR O NO RECORDAR, ESTA ES LA CUESTIÓN | Alas de escritor

No final da semana passada os jornais anunciavam um buraco de milhões no sector público de transportes, em consequência da negociação de contratos financeiros de alto risco. Em pleno fim-de-semana foram demitidos dois Secretários de Estado, ambos com responsabilidades anteriores no Metro do Porto, onde terão sido responsáveis por contratos desse tipo. E dois outros foram mantidos no governo, entre os quais Maria Luís Albuquerque, a poderosa Secretária de Estado do Tesouro, que enquanto Directora Financeira da Refer terá sido também responsável pelo mesmo tipo de contratos, conhecidos pela designação de Swaps.

Ao contrário do anunciado pelos jornais os contratos Swap não são contratos de alto risco. São, antes, contratos que têm por objectivo baixar o risco das operações financeiras, incindindo neste caso sobre os juros. Outros há para cobrir riscos de câmbio. São instrumentos através dos quais, em determinado momento da vida de um financiamento, se transforma em fixa a sua taxa de juro variável, pagando por isso, naturalmente, uma determinada comissão. Exemplificando: uma empresa tem um contrato de financiamento negociado à taxa euribor com um spread de 0,5 pontos percentuais; a taxa euribor era, à data, de 2,5%, o que dava uma taxa de juro efectiva de 3%. Em determinada altura, e perante a perspectiva de subida da taxa euribor, é negociado o contrato de Swap que fixa essa taxa de juro – 3% - perante o pagamento de uma comissão de 0,60 pontos percentuais. Ou seja, assegura uma taxa de juro de 3,6% para todo o empréstimo, independentemente do comportamento da taxa euribor. Trata-se pois, como se percebe, de uma prudente decisão de gestão. Que passa a irrepreensível quando tomada no timing certo e, evidentemente, quando os custos financeiros que dela decorrem são perfeitamente acomodados na conta de exploração!

Em 2007, por exemplo, as perspectivas eram de subida da taxa euribor. Estas operações faziam todo o sentido e podiam ter sido bem negociadas. No entanto, com a crise económica e financeira de 2008, e para lhe fazer face, o BCE começou a baixar sucessivamente as taxas de juros, mantendo-as em mínimos históricos ao longo destes últimos cinco anos. Bem abaixo das estabelecidas naqueles contratos, resultando em perdas potenciais. Em prejuízos virtuais!

Mas não é disto que os jornais falam. Falam de prejuízos reais, e isso é estranho. Mais estranho é que, por isto, dois Secretários de Estado tenham sido demitidos. Mais ainda é que a Secretária de Estado do Tesouro, ao que corre, não o tenha também sido apenas porque, no caso da Refer que lhe é imputado, impacto financeiro ser menor.

Não faz sentido que isto não seja explicado. Não faz sentido lançar neste momento achas despropositadas para a fogueira que consome este governo. Não faz sentido minar ainda mais a capacidade e a credibilidade deste governo!

A não ser que tudo isto não passe de poeira atirada aos nossos olhos para esconder outras coisas. E para isso os Swaps podem dar jeito. Servem bem para aquela política do cogumelo de que aqui já falei há uns tempos

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