Há 10 anos
Ouve-se dizer por aí que o negócio vai mal para as farmácias – corre bem a quem? – que fecham todos os dias, numa escalada de falências. Não sei se é bem assim ou não, sei é que terão hoje um grande dia de negócios, de casa cheia, inundada de benfiquistas e portistas a esgotar stocks. Benfiquistas numa procura desenfreada de Kompensan e portistas a levarem até à última embalagem de Hirudoid… Uns à procura de tratar de um nó no estômago, bem pior do que se tivesse acabado de levar com um gancho certeiro do Cassius Clay dos bons velhos tempos. Outros com o corpo cheio de nódoas negras de, incrédulos, tanto se beliscarem. Para confirmar que estão bem acordados, que não foi um sonho, que aquilo aconteceu mesmo…
Naquele minuto 92, quando o Liedson (mas este tipo tem que nos perseguir até ao inferno?) recebe a bola e a coloca à frente do Kelvin, como em nenhum dos dias dos últimos três meses - à excepção destes últimos cinco - não havia portista que acreditasse que fosse possível ganhar este campeonato. Acho que era o Benfica que o mereceria ganhar, mas também acho que o Porto tem mérito.
Acho, como já escrevi, que não se pode resumir as coisas à sorte e ao azar, mas não acho que o mérito do Porto tenha sido o de acreditar. De acreditar sempre, como dizem. E como diz o Vítor Pereira… Não foi, até porque, como foi mais que evidente, ninguém acreditava. E a toalha foi atirada ao chão, toda a gente viu.
O mérito do Porto foi outro: ganhar todos os seus jogos durante estes dois ou três meses, não ceder num único jogo a partir do momento em que viu o Benfica fugir com uma vantagem de quatro pontos. E esse mérito é bem maior. Tudo é mais fácil quando se acredita, quando se persegue qualquer coisa. Difícil é não ceder quando em causa está apenas a obrigação de ganhar. Naturalmente, sem mais…
É isso que normalmente o Benfica não consegue fazer, e que simplesmente vem do hábito de ganhar!