Há 10 anos
Não sei se já repararam como tudo mudou depois das férias. Não sei se já repararam como "acabou o Verão e voltamos à realidade".
Antes era a economia que tinha crescido no segundo trimestre, era a economia a dar completamente a volta. Era o novo ciclo. Era Passos, pelo segundo ano consecutivo, na festa do Pontal, a decretar a vitória final sobre a crise, seguro (seguro - estão a ver!) do êxito da sua brilhante governação. Mal compreendida, mas inequivocamente eficaz... Até o desemprego já estava a cair, e Passos já roçava a arrogância a anunciar tantos sucessos!
Era Pires de Lima na pele ministro da economia maravilha, o novo IRC de Lobo Xavier que fazia milagres e Portas a falar grosso com a troika...
Bastou uma semana para tudo isto desaparecer, bastou uma semana para parecer que mudamos de país. Numa única semana, nesta, que nem sequer ainda chegou ao fim, a Standard & Poor´s ameaça de corte o rating, que já classificara em lixo, e fala da iminência de um segundo resgate, o país está às voltas com a troika - a quem Cavaco pede bom senso - para rever a meta do défice, e até Ramalho Eanes diz que o país está sem saída. As más notícias sucedem-se, umas atrás das outras. O FMI diz-nos que fomos cobaias e que a experiência correu mal, que correu mal o que Passos ainda há duas semanas se vangloriava de ter corrido bem.
Tudo isto apesar do barulho ensurdecedor da campanha eleitoral. Agora imagine-se no que aí virá depois do fim do mês...
Será que dá para entender este país?
Não dá, mas não é esta resposta que me preocupa. Preocupa-me é a resposta se mudarmos a pergunta: Será que dá para acreditar num país assim?