Há 10 anos
Depois de a Irlanda anunciar que sairia do programa da troika sem mas nem meio mas, directinha para os mercados por sua conta e risco, começou a ouvir-se da parte do governo português semelhante intenção. Ouvir tal coisa a Paulo Portas até poderia não surpreender - há muito que perdeu a capacidade de nos surpreender -, mas ser Passos Coelho a pretender que levemos a sério essa hipótese ultrapassa a nossa capacidade de entendimento do que se esteja a passar.
E não é apenas por a nossa situação económica estar bem longe da irlandesa. Nem por as causas dos problemas da Irlanda (eminentemente financeiros, do próprio sistema financeiro) e de Portugal (fundamentalmente económicos) serem completamente diferentes. Nem sequer por estarmos com resultados piores do que os levaram ao resgate. É porque ainda há pouco mais de um mês o primeiro-ministro ameaçava com o segundo resgate, e há apenas duas semanas o ministro da economia informava em versão lapso que o governo estava a preparar um programa cautelar!
Ou nada disto passa de um jogo de póquer, onde a vida dos portugueses se joga como fichas de casino ou – o que não dá em nada de muito diferente -, como não sabe para onde vai, para o primeiro-ministro qualquer caminho serve…