Há 10 anos
Se o futebol é fantástico, o futebol inglês é ainda mais fantástico. O Liverpool vivia o sonho de, 24 anos depois, voltar a ser campeão. Tinha tudo a seu favor: jogava o melhor futebol da Premier League, gozava até de forma evidente dos favores da arbitragem e, a exemplo do Sporting por cá, e da Roma em Itália, ficara de fora das competições europeias, e por isso com bem menos desgaste que a principal concorrência.
Hoje recebia em Anfield Road o Chelsea, um dos principais concorrentes, que a inesperada derrota na última jornada, em casa com o último, o Sunderland, praticamente deixara sem hipótese… Que está no meio da meia-final da Champions, com o Atlético de Madrid e que por isso surgia bastante desfalcado. Bastaria ao Liverpool empatar, para se manter como favorito maior, com o título praticamente à mão!
Mas perdeu. Perdeu com o Chelsea do autocarro. Porque é assim mesmo: um autocarro é um autocarro, seja quem for que se meta lá dentro. É pena, mas é assim. Di Matteo começou a construir o terminal rodoviário – depois de ter visto que o Mourinho tirara a carta em Milão, com o Inter – a que Rafa Benitez deu seguimento. Mourinho, ao que se diz o melhor do mundo, limita-se a puxar dos galões que trouxe do Inter para, com toda a perícia, estacionar bem todos autocarros que lhe deixaram na garagem.
Porque o futebol é mesmo fantástico tudo começou com um erro enorme do já mítico Gerrard, lenda e capitão do Liverpool, que entregou a bola ao desengonçado Demba Ba, sozinho à frente da baliza. Foi o jogador que mais queria – e mais merecia – ser campeão que, no tempo de compensação da primeira parte, deitou tudo a perder. O golpe final, o segundo do Chelsea, aconteceu nos últimos instantes do jogo. Com os reds desesperadamente à procura do empate, é o ex-Chelsea Sturridge quem entrega a bola ao brasileiro Willian, que fica apenas com a companhia do espanhol e ex-Liverpool Fernando Torres e com todo o campo vazio à sua frente, até à baliza, onde chegam ambos sozinhos, lado a lado…
E assim, o City, que ganhou tranquilamente ao Crystal Palace, e tem larga vantagem no factor de desempate – diferença entre golos marcados e sofridos – não depende se não de si próprio para voltar, dois anos depois, a conquistar o título.
E aquela massa espectacular que nos deixa arrepiados a ouvir o “You´ll never walk alone” vai ter de esperar mais um ano. Passarão a ser 25 anos, mas nem por isso o entusiasmo arrefece naquelas bancadas!