Há 10 anos
Há 35 anos Sá Carneiro teve um sonho e deu-lhe uma formulação: um presidente, um governo, uma maioria. Morreu sem o conseguir, nas circunstâncias conhecidas, precisamente quando procurava acrescentar o presidente ao governo que liderava e à maioria da AD que o suportava. Mas o sonho ficou e, mais do que num desafio, transformou-se na obsessão do centro-direita. Quis a História – ou o destino, não sei bem quem hei-de culpar – que o sonho se concretizasse nas pessoas de Passos Coelho e Cavaco, e em gente como Duarte Marques, Hugo Soares, Carlos Abreu Amorim...
Alcançado o velho sonho, logo a inédita trilogia lançou mãos à obra, e foi por aí fora como se não houvesse limites à sua fúria de recuperar o tempo perdido. Aos primeiros obstáculos não ligou muito, afinal não passavam de avisos. Nada que devesse ser levado a sério...
Até que, lá pelo oitavo aviso, já com alguma mossa na sua repetida fúria violadora, se lembram que, afinal, um presidente, um governo e uma maioria não é suficiente. Não chega, é preciso ainda acrescentar-lhe o Tribunal Constitucional!
Foi aqui que ontem chegou o nosso visionário primeiro-ministro, a uma nova formulação que passará agora a constituir o sonho da direita – já desligada do centro – e a nova ambição que Passos Coelho, como um dia Sá Carneiro - agora às voltas no túmulo -, deixará para o futuro: um presidente, um governo, uma maioria e um Tribunal Constitucional!