Há 10 anos
Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, acabou por confirmar aquilo que se sabia e que aqui fora dado conta ontem. Nada de novo, tudo como se vinha sabendo, apenas com a precisão em 4,9 mil milhões de euros do fundo de capital que o Estado põe à disposição do Novo Banco – espero que ao menos lhe arranjem um novo nome!
O que desde logo levanta uma primeira – e bem grave – questão de sigilo. É agora público e notório que houve muita gente que teve acesso a esta decisão muito antes de ser tornada pública. É agora público e notório que houve quem dela fez uso, em nítido crime de inside trading.
Disso nos apercebemos quando o Banco de Portugal tomou na passada quinta-feira, último dia de Julho, decisões – impedimentos de órgãos sociais e de fiscalização externa que, em boa verdade, só caberiam na decisão hoje anunciada – que prenunciavam o esvaziamento do capital do BES, na realidade o anúncio da sua falência.
Assim se percebe o súbito aumento do volume de vendas de acções do BES no fecho do mercado, na última meia-hora, da última sexta-feira, que levou à queda vertiginosa, num ápice de mais de 40%, das cotações. Assim se percebe que, por exemplo, o brasileiro Bradesco tenha desaparecido das listas de accionistas nos últimos dias…
Por isso, depois de ainda tanto haver para contar, e de, depois, já não haver assim tanto para contar, passem a haver agora outras coisas para contar… É que, depois de tantos crimes na administração do BES, é bem capaz de haver mais uns tantos na supervisão!