Há 10 anos
Ao que se vai sabendo pelos jornais de hoje, Marques Mendes não terá tirado ontem grandes coelhos da cartola, daquelas coisas que faz questão que se saiba que só ele sabe e que nós sabemos que nem ele deveria saber, e que até preferíamos saber por outras vias mais covencionais.
Depois de na semana passada ter revelado que o o Novo Banco é para vender todo, de uma só vez e de imediato - uma das "circunstâncias que se alterararam profundamente", e que levaram à demissão de Vítor Bento - desta vez o que a imprensa, sempre ávida das revelações do comentador bufo, salienta é a crítica de Marques Mendes à actuação do governo nos desenvolvimentos que se vão conhecendo no Novo Banco.
"É muito feio o que o governo está a fazer" - diz ele. É, mas é muito feio há muito tempo, não é apenas de agora. O governo sempre quis dar o ar de quem não tem nada a ver com aquilo. Com aquilo tudo, desde os crimes praticados que levaram à destruição de um terço do sistema financeiro nacional, à solução negociada com a comissão europeia que, em vez dos anunciados banco bom e banco mau, criou dois bancos maus, passando pelo meio pelo crime de lesa pátria, o maior atentado ao instituto da confiança que foi o aumento de capital.
O governo quer fingir que aparece de mãos limpas nisto tudo, mas tem-nas cada vez mais sujas. Não se sabe se os ziguezagues de Carlos Costa em todo este processo são ziguezagues do governador do Banco de Portugal ou do governo. Mas é muito fácil de perceber que, mesmo que sejam exclusivamente do Banco Central, ao governo exigia-se que lhe corrigisse a trajectória, e nunca que andasse a tentar passar entre os pingos da chuva!