Há 10 anos
De golpada em golpada, de habilidade em habilidade, cada vez mais populista e cada vez mais ridículo, lá vai o Tó Zé, seguro que levará a água ao seu moinho. A sua última habilidade, o coelho que tirou da cartola – a proposta de reduzir dos actuais 230 para 181 os deputados da Assembleia da República – não é apenas a face visível do populismo em que decidiu apostar. É, para além disso, a maior evidência de que perdeu definitivamente o rumo. Não sabe onde está, nem para onde vai. Nem sequer para onde quer ir!
A redução dos deputados é, como se sabe, uma medida populista que cai bem em largas faixas do eleitorado que não estão particularmente preocupadas com o que a democracia perde com isso. Com o que se perde, com a perda de representação dos pequenos partidos, na diferença de opiniões e soluções.
Mas é, acima de tudo, uma medida que, ao reforçar ainda mais os dois principais partidos, aprofunda os problemas e os defeitos do regime esgotado justamente nesses, e por esses, dois partidos. E, francamente, não sei o que é mais desprezível: se o populismo, se o oportunismo político de António José Seguro. Que não hesita em dar o braço ao PSD para uma medida que este sempre desejou mas para a qual nunca ousou avançar.
Podia ter apresentado medidas de combate ao despesismo, tantas são as áreas com evidentes e injustificáveis excessos. Mesmo na esfera dos deputados, na Assembleia da República, como, ao que se diz, a sumptuosa cantina, as falsas ajudas de custo, ou as frotas dos grupos parlamentares. Podia falar das Fundações e Institutos que afinal, depois de tanta conversa, acabaram intocáveis. Ou nas contratações pornográficas com os escritórios de advogados, que até almoços cobram… Mas não. Tinha de seguir pela via mais vil e chamar-lhe, pasme-se, uma "nova forma de fazer politica".
Será certamente a sua "forma de fazer politica". Mas não é, longe disso, uma "nova forma de fazer politica".