Há 10 anos
O estatuto especial de Hong Kong, desenhado pelas autoridades inglesas e chinesas no quadro da devolução daquele território à soberania chinesa está, desassete anos depois, aparentemente esgotado. A população quer mais, quer escolher os seus governantes sem qualquer tipo de condicionalismo. Quer democracia, mesmo a sério, e por isso está há muitos dias na rua...
Por enquanto o movimento atravessa a sua fase romântica. Já conhecida por revolução dos chapéus (arma de defesa contra o gás lacrimogénio), a emergência da liderança de um rapaz de 17 anos - Joshua Wong - acentua-lhe o romantismo. Mas não deixa de colocar a China perante uma encruzilhada em que reprimir os protestos, seguindo a sua matriz natural, será pôr tudo em causa; mas também acolher as reivindicações do território, poderá pôr tudo em causa.
E tudo é mesmo tudo. Desde logo aquela base programática de um país e dois regimes em que a China pretende sustentar a sua condição de superpotência!
Para já o regime parece apostar no tempo, confiando que o tempo se encarregue de vencer, pelo cansaço, os protestos. As notícias de hoje dão conta de confrontos entre manifestantes e opositores, provavelmente induzidos e provocados, justamente para acelerar o poder do tempo.