Há 10 anos
Há muito que este governo bateu o recorde de trapalhadas do governo de Santana Lopes, a que há 10 anos o presidente Jorge Sampaio teve de colocar ponto final. Como Passos Coelho também há muito percebeu que é um tipo com mais sorte que Santana - o menino guerreiro é mesmo um mal amado, agora até há um tipo que, só para o deixar a salivar, não aparece a reclamar os 190 milhões do euromilhões - e que pode continuar a somar trapalhadas, já sabemos que irá continuar assim até às eleições.
Passos já diz uma coisa de manhã e outra à tarde, uma numa semana e outra na seguinte. Mas hoje foi mais longe: num discurso escrito, repunha os salários dos funcionários públicos em 2016 como, de resto, determinou o Tribunal Constitucional. Logo a seguir, meia hora depois, nada disso, e garantia que encontraria formas para que esses salários fossem apenas repostos, ao tal ritmo de 20% ao ano, em 2019. E mesmo assim ainda há quem venha dizer que se há coisa de que não podem acusá-lo é de falta de coerência. Francamente!
Não menos trapalhada foi ouvir também hoje Paulo Portas, na conferência dos 25 anos do Diário Económico, dizer que, por ele, a reforma do Estado está feita. Fez o trabalho que lhe competia: fez o guião e apresentou-o em conselho de ministros. Que gora é com os ministros!
Para qualificar esta trapalhada não é preciso lembrar que o governo está a chegar ao fim do mandato sem ter tocado o que quer que fosse na estrutura e organização do Estado. Nem sequer é preciso lembrarmo-nos desse famoso guião. Basta recordar que o tema da reforma do Estado foi agora recuperado justamente por Passos Coelho para, na sucessão das picardias destas últimas semanas, entalar Paulo Portas. E reforçar o estado deprimente da coligação!