Há 10 anos
Cavaco estará a esta hora a condecorar Durão Barroso. Nada de especial, Cavaco é pródigo a distribuir comendas pelos seus, e só lamentará que muitos tenham borrado a pintura antes de ter tido oportunidade de lhes pôr o colar ao peito. Se calhar é mesmo por isso que Cavaco se apressou. É que ainda na sexta-feira Barroso estava em Bruxelas, a despedir-se da Comissão...
O que se torna difícil de perceber são os serviços de especial relevância para Portugal e para a Europa com que Cavaco justifica a condecoração. Como é que o rosto que inundará a memória dos portugueses e dos europeus sempre que fale da maior crise do projecto europeu, pode ser condecorado por serviços de especial relevância aos portugueses e aos europeus?
É a segunda condecoração com o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique, normalmente destinada a Chefes de Estado extrangeiros. A primeira fora concedida há uma dúzia de anos a Rocha Veira, o último governador de Macau. Hoje, sem surpresa, ligado aos interesses chineses no nosso país, e que ainda há pouco condenava as reivindicações de democracia em Hong Kong...