Há 10 anos
É chocante a forma como o governo de Timor-Leste expulsou os magistrados portugueses. A não ser que estivéssemos perante comportamentos criminosos ou inaceitáveis, Portugal não mereceria este tipo de tratamento. O que Portugal, enquanto estado e país, e os portugueses fizeram por Timor e pelos timorenses, não merecia uma hostilidade destas. Portugal e os portugueses não mereciam que um governo liderado por alguém que alcandoraram à condição de herói expulsasse cooperantes portugueses como se de criminosos se tratasse. Portugal e os portugueses não mereciam que alguém a quem concedeu todas as honras não saiba agora honrar nenhuma delas.
Mas, acima de tudo, depois de tudo o que fizeram por tão justa e nobre causa, não mereciam que Timor e os seus heróis que fizemos nossos, subvertessem tão depressa princípios básicos da democracia como o da separação de poderes. Não mereciam que lá se instalasse um poder político capaz de tomar por refém o poder jurídico, logo que alguns interesses fossem incomodados. Interesses ilegítimos de timorenses mas, acima de todos, interesses australianos!
Por muito que possamos sentir que Portugal nunca foi capaz de, em Timor, dar seguimento ao gigantesco trabalho diplomático que desenvolveu. Por muito que saibamos que nunca foi capaz de transportar para Timor a influência única e decisiva que teve na libertação dos timorenses. E por muito que, por isso mesmo, tenhamos que reconhecer culpas próprias, não podemos deixar sem resposta uma atitude destas do poder político de Dili.
Para mal dos nossos pecados, o governo que temos, nem para isso dá!