Há 10 anos
Não deixa de ser engraçado: as pessoas que estão a desfilar perante os deputados que constituem a Comissão de Inquérito ao BES foram as que, há quatro anos, pagaram para que nós fossemos reeleger o actual Presidente da República. No total deram à campanha de Cavaco perto de 300 mil euros... Cada um deu o máximo permitido por lei: 25.560 euros. À excepção do homem da KPMG, o da auditoria. que se ficou pelos 5 mil euros.
O hoje mais célebre exemplar da generosidade nacional - o empresário José Guilherme que, tanto quanto julgo saber, não tenciona passar por lá - arranjou maneira de, à sua conta - evidentemente sem nunca violar o tecto permitido pela lei - também entrar com 100 mil euros. Coisa irrelevane, à luz dos 14 milhões da prenda que, mais tarde, viria a oferecer a Ricardo Salgado.
Por enquanto Cavaco não tem nada para dizer: deve manter sob reserva tudo o que é reservado. Daqui por 6 meses, talvez um ano, Cavaco haverá de dizer qualquer coisa sobre isto...
Sei lá... Que o Espírito Santo é uma coisa, e a Santíssima Trindade outra...Mais que outra coisa, é um mistério... Ou mesmo que, naquele tempo, Ricardo Salgado era um respeitável e virtuoso chefe de família... da família dona disto tudo. Ou - quem sabe? - não virá dizer que bem avisou. Que, se forem ver bem ao discurso de tomada de posse, Sócrates não passava lá de figura de retórica... Aquela carga de porrada toda, era, afinal, para os generosos Donos Disto Tudo!