Há 10 anos
Sabíamos que Sócrates não se pouparia ao que fosse para virar as coisas a seu favor. Não olharia agora, como de resto nunca olhou, a meios para atingir os seus fins. Há quem chame a isto determinação, mas eu prefiro chamar-lhe falta de vergonha!
O que não sabíamos é que, para além da conhecida guarda pretoriana de Sócrates, dos Santos Silvas deste mundo (aproveito para tirar o chapéu a Pedro Silva Pereira, a quem, depois de, de imediato, expressar o seu “sentimento de profunda tristeza”, não se ouviu nem mais uma palavra) seriam tantos a integrar-se nas suas fileiras, com a mesma – e talvez mesmo maior – falta de vergonha. Mário Soares já passou todos os limites, incluindo o da inimputabilidade. A Mário Soares tudo se desculpava, e nos últimos tempos ainda mais se desculpava, porque a idade, ao contrário de nós, comuns mortais, não perdoa. Só que as chocantes figuras a que se tem prestado, completamente despojadas de equilíbrio e senso, remetem-no para o domínio do absurdo – ou mesmo da insanidade mental – e do total descrédito, como acontece com um das seus últimos escritos, ontem no Jornal de Notícias: “Não há justiça em Portugal infelizmente e o Presidente da República, que devia ser responsável por Portugal, nunca ter dito uma palavra sobre o caso Sócrates…”
Agora foi a vez de Vera jardim juntar mais uns disparates, daqueles que chocam qualquer um, ao rol imenso que por aí anda. Diz, alguém que já foi Ministro da Justiça, que "Sócrates tem direito a violar a lei para se defender".
Só faltava esta?
Se calhar não. Se calhar ainda falta aparecer um figurão qualquer a dizer que Sócrates tem não só o direito de violar a lei, como ainda o de nos obrigar a acreditar no inverosímil. Que, por exemplo, tem um amigo que lhe empresta sucessivamente dinheiro, aos milhões, para fazer face a uma vida que não pode sustentar. Que isso não seja crime, acreditamos. No que não acreditamos, se a isso não formos obrigados, é que haja amigos desses...