Há 10 anos
Que me tenha apercebido, a primeira reacção de um membro do governo às decisões do dia de ontem veio de Pires de Lima, em Davos. O que não admira. Para Passos Coelho, a intervenção do BCE na compra de dívida era um disparate, e o governo não tem nada a ver com o que se passa na PT.
Como não podia deixar de ser Pires de Lima aplaudiu entusiasticamente a medida do BCE, o que não deverá causar grandes embaraços a Passos Coelho. E não foi menos entusiasmada a reacção que dispensou à decisão da assembleia Geral da PT, exaltando até o valor da oferta da Altice - por acaso inferior ao da venda que a mesma PT fez à Telefonica, aqui há anos, no verdadeiro ínício do fim, de uma simples participação na Vivo - e aproveitando para voltar a dar nas orelhas da anterior gestão da empresa.
Até aí tudo bem, até porque só se perdem as que cairem no chão... Só que fez isso através do elogio precoce, infundado e suspeito à futura gestão francesa da PT. Que, e aí está a estocada, não vem para cá para fazer investimentos no futebol...
Não faço ideia do que tenha sido o retorno do investimento da PT no futebol. Sei, mesmo que daí nada releve, que foi o seu principal concorrente quem, cá no país, abriu a entrada no futebol. Sei também, e mesmo que também daí nada volte a relevar, que muitas congéneres pelo mundo fora investiram no futebol. E sei, e isso sim é o que releva, que ele próprio, no seu anterior emprego, decidiu também investir no futebol. E só não terá investido tanto como a PT, que sponsorizou os três grandes, porque se ficou pelos dois mais pequenos dos três. Não sei se o que parece, é. Mas um é o seu e o outro é da área da sede da empresa que lhe entregaram para gerir. Com ou sem investimentos em futebol!
É de todo evidente que deveria ter batido com outro instrumento, mas há muito que percebemos que há um certo clima que insiste em atingir sucessivamente os nossos ministros da economia. Apesar de tudo, e da boa imprensa em particular, Pires de Lima não deixa de ser mais um apanhado pelo clima. E não é por andar a dizer que ja se podem baixar impostos...