Há 10 anos
O escândalo de lavagem de dinheiro e de evasão fiscal a que deu cobertura a delegação suíssa do gigante britânico da banca, que responde pelo nome BSCH, e agora divulgado por um consórcio de jornalistas como Swissleaks, já era conhecido desde 2008, altura em que a lista de nomes agora conhecida foi entregue à Senhora Lagarde, hoje presidente do FMI e na altura ministra das finanças no governo francês.
Consta que os diversos governos europeus começaram de imediato a actuar contra os respectivos cidadãos para recuperar os impostos desviados. E que foi assim que a Espanha recuperou 260 milhões de euros, a Itália 570 milhões e o Reino Unido 180 milhões em impostos.
De Portugal não se sabe nada. Sabe-se que Ricardo Salgado e José Sócrates – ou Carlos Santos Silva? – declararam valores ao abrigo de uma amnistia fiscal justamente criada por Sócrates. Mas nem um nem outro(s) constam da lista portuguesa agora conhecida onde, à excepção de Américo Amorim e de empresas do agora falido GES – que se calhar por isso mesmo desmentiram o indesmentível -, não há nomes de gente famosa ou simplesmente conhecida. Sabe-se que os pouco mais de 200 portugueses da lista com 611 nomes somam cerca de mil milhões de dólares... Mas que, desde 2005, Portugal amnistiou o correspondente a cinco vezes esse valor!
Não é, por isso, nada difícil de concluir que o governo português, que foi tão implacável a cobrar aos portugueses impostos colossais, não mexeu uma palha para ir recuperar os impostos sobre estes 1000 milhões de dólares que de Portugal voaram para a Suíça. Antes pelo contrário, amnistiou toda a gente. Se calhar não é por acaso que ninguém conhece a cidadã de Vila Real que encabeça a lista... Nem o cidadão de Castelo Branco que vem a seguir!
Nem ninguém pergunta pela exemplar eficiência da máquina fiscal, essa autêntica máquina de extorsão, que nunca chega tão longe. Nem para tanto!
Gente fraca, esta que é forte com os fracos ... E assim se faz fraco um forte povo!