Há 10 anos
Depois de mandar embora largos milhares de portugueses, agora o governo chama-os de volta. Não tem nada para lhes oferecer, nem há nada que os possa fazer regressar... Nem esqueceram ainda - e muito menos perdoaram - que este governo lhes tenha dito que não tinham direito a viver na sua terra. Que isso era um conforto que tinham que largar, um luxo de quem vivia acima das suas possibilidades...
E no entanto o governo não hesita em chamá-los. Em dizer-lhes VEM. Desemprega-te, aí onde quer que estejas, e VEM criar o teu posto de trabalho. VEM empreender. VEM investir, que tens aqui "verbas entre os 10 e os 20 mil euros, no máximo," para o teu projecto!
É isto o programa VEM, anunciado hoje com pompa e circunstância. Ou seja: nada. Nada de que ninguém espera nada. Nem o próprio governo: “até 40, 50 projectos”, diz o secretário de Estado Pedro Lomba. Nem o próprio governo? Alto lá!
É que o VEM não é para os que haveriam de vir. É para os que cá estão, para os que não chegaram a sair, e vão votar, lá para Setembro ou Outubro... O entusiasmo de Pedro Lomba - que andava desaparecido desde os famosos briefings em que se embrulhou - não é pelos 40 ou 50 projectos que, exagerado como é, espera como resultado do programa. Só os que dele tenham apenas a imagem desses briefings poderão aceitar que ele não tenha vergonha de apresentar um programa para, no melhor dos melhores, atingir 50 portugueses.
O VEM não tem por objectivo o regresso dos portugueses que partiram. Tem por objectivo o regresso dos votos que fugiram. São papas e bolos com que se enganam os tolos. Mais dos muitos que vão inventando para distribuir!