Há 10 anos
Como anunciado, o PS apresentou hoje o cenário da economia portuguesa e as medidas âncora do seu programa eleitoral. O exercício é um bom exercício - como diria o Diácono Remédios -, o diagnóstico é acertado. As previsões nem tanto...
Uma coisa é certa: contraria quem diz que o PSD e o PS são a mesma coisa. Até podem ser, mas agora não estão. António Costa e Passos Coelho estão nas antípodas um do outro. Apenas um ponto em comum: ambos querem fazer crer que tem uma receita para o crescimento económico. O diabo é que é o que têm em comum o que menos crédito merece...
Passos Coelho diz que a economia cresce pelo lado da oferta. Dando todas as condições às empresas. António Costa, diz que a receita está na procura. Que o que é preciso é dar condições às famílias para que consumam. É curiosamente na TSU que converge o mais emblemático destas duas posições: Passos quer reduzi-la às empresas. Costa, precisamente ao contrário, quer reduzi-la aos trabalhadores!
O problema é o que ficou pelo meio. O problema é o que este governo deveria ter feito e não fez nos quatro anos do seu mandato. O problema é que o governo destruiu a economia sem ter deixado nada construído. Depois de tanta destruição não ficou, como não poderia ficar, tudo na mesma. Mas ficou na mesma tudo o que precisava de ser mudado, nenhuma mudança estrutural aconteceu. Nunca o investimento caiu tanto, e a economia não ganhou competitividade, nem mesmo com a brutal queda dos custos salariais. E o aumento da procura vai fazer disparar principalmente as importações... As exportações estão limitadas pela falta de investimento, e lá se volta ao agravamento do défice externo!
Daí a dificuldade do país em sair da rota do empobrecimento, onde Passos Coelho se sente como peixe na água. E que as inaceitáveis propostas do PSD acabem até por passar melhor...
Exactamente: este governo deixou tudo armadilhado!