In-com-pe-tên-ci-a
Às vezes o Benfica joga mal. Uma vez por outra. Normalmente joga ... "benzinho". O problema não é sequer jogar apenas "benzinho". Poucochinho. O problema é que não consegue surpreender ninguém. Nem os adeptos, nem - e é isso que é determinante - os adversários.
Esta noite, na Luz, perante o Chaves, com o "onze" do costume - apenas com Tomás Araújo no lugar de António Silva (a confirmar que o preenche com absoluta competência), e com Kokçu, aparentemente com o problema resolvido, no banco - aconteceu o que é normal acontecer: sem jogar propriamente mal, o Benfica jogou "benzinho"... mas poucochinho. Ainda assim o suficiente para ganhar, por muitos, ao último classificado. Tem sido frequentemente assim: jogar "benzinho", mesmo que poucochinho, tem sido suficiente para ganhar maioria dos jogos. Umas vezes por pouco, outras por muitos, conforme a eficácia.
Só que, no jogo desta noite, àquilo a que normalmente chamamos eficácia, temos de chamar competência. Nem sempre é assim, nem sempre a falta de eficácia é incompetência, mas hoje foi-o. Hoje, na Luz, não foi eficácia que faltou especialmente a Di Maria e Arthur Cabral. Eficácia faltou a Rafa, Otamendi, Tomás Araújo, Bah ou Florentino.
Di Maria foi infeliz, mas também incompetente, ao permitir ao guarda-redes do Chaves que defendesse o penálti, ainda antes da meia hora, e que mudaria o jogo. Acontece. Arthur Cabral foi infeliz, mas também incompetente, ao imitá-lo, à hora de jogo. Não faço ideia donde tenha partido a decisão de trocar o marcador, mas não tenho dúvida que foi incompetente - um jogador como Di Maria não pode ficar afectado por ter falhado um penálti. Toda a gente sabe que não. Como toda a gente sabe que uma troca dessas pesa na cabeça de um jogador permanentemente desconfiado, como é Cabral. Fez exactamente como Di Maria fizera, e o guarda-redes voltou a defender.
O VAR - que tivera de intervir para que Hélder Malheiro assinalasse os dois óbvios penáltis - mandou repetir. Inicialmente ficara a ideia que Hugo Souza, o guarda-redes do Chaves, dera um passo antes de a bola partir. Deu, na realidade, mas manteve um pé na linha de baliza. E a repetição deveu-se, afinal, à entrada na grande área de jogadores do Chaves antes do remate, que já tinha também acontecido no penálti da primeira parte, de Di Maria, mas passado em claro.
Na repetição, Arthur Cabral já não foi infeliz, nem apenas incompetente. Foi qualquer outra coisa inimaginável, ao repetir, pela terceira vez, exactamente o mesmo. A mesma preparação, o mesmo remate fraco, para o mesmo lado direito do guarda-redes, no mais flagrante exemplo da incompetência que nesta altura grassa no futebol do Benfica!
A mesma que faz com que apenas consiga marcar ou em contra-ataque, ou de bola parada. Foi assim, num livre cobrado por Di Maria e concluído de cabeça por João Neves que, aos 68 minutos, marcou o golo que assegurou mais uma vitória. Curtinha, justa pelas oportunidades criadas, mas à justa e com muito pouco encanto.
Só depois do golo Roger Schmidt começou a mexer na equipa. A tempo de duas agradáveis surpresas: a primeira nos aplausos a Arthur Cabral, quando foi substituído por Marcos Leonardo; a segunda, pouco depois, pela pacífica entrada de Kokçu que, com João Mário, substituíram Di María e o irreconhecível David Neres.
Mas é isso: boas surpresas só dos adeptos!