Inevitabilidade evitável
Temia-se uma nova goleada, e mais um pesadelo, nesta viagem do Benfica a Munique, para defrontar o Bayern no jogo inicial da segunda volta desta fase de grupos da Champions. Se não há alturas boas para defrontar esta grande equipa do futebol mundial, esta, na actual fase do Benfica, era a pior.
A goleada aconteceu, não dá por onde dourar a pílula. O 2-5 final, é uma goleada em cima de outra goleada, num agregado de 2-9. E mais um resultado pesado, a carregar em cima dos últimos resultados, e certamente a pesar sobre os ombros dos jogadores, descrentes e desorientados.
Claro que o Bayern é uma grande equipa, inacessível à maioria das equipas que disputam a Champions. E que dá gosto ver jogar ... desde que não seja contra o Benfica. Mas não é invencível, como de resto já foi demonstrado por duas vezes nesta época, nas competições internas. Para isso é no entanto necessário não cometer tantos erros, individuais e colectivos, como o Benfica vem cometendo. É preciso um pouco mais de talento, que não abunda nesta equipa de Jorge Jesus. Nem nos jogadores, nem no treinador. E é preciso uma estratégia. Como o jogo mostrou!
A equipa até pareceu entrar sem medo, criando a ilusão que a goleada, e o pesadelo, não eram uma inevitabilidade. Teve a primeira ocasião para criar perigo para a baliza de Newer, e marcou até o primeiro golo. Mas não valeu, foi anulado pelo árbitro, por fora de jogo de Pizzi, que o VAR confirmou. Mal. Seguramente mal, à luz das linhas apresentadas, que mostravam claramente que apenas a mão do jogador do Benfica "pisava" a linha traçada. E, nem mãos, nem braços, membros que não podem jogar a bola, contam para determinar o fora de jogo (já agora, o árbitro voltou a prejudicar o Benfica ao poupar a expulsão, por segundo amarelo, a um defesa do Bayern). E, com talento para isso, Pizzi poderia ter marcado ainda antes do primeiro golo do Bayern, quando saiu isolado em contra-ataque, ainda no seu meio campo defensivo, com Newer na sua posição natural, quase sobre a linha de meio campo.
E ainda marcou dois golos.
Quem faz isto pode não ganhar ao Bayern. Quem joga com Meité, também não. Mas deixa demonstrado que se pode ganhar.
Deixa de poder é quando, por exemplo, permite que o Bayern chegue com sete jogadores à sua área, contra apenas três. Quando permite que Grimaldo fique todo o tempo sozinho, a levar nós, uns atrás dos outros, de Coman. Quando pressiona desgarradamente jogadores como os do Bayern. Quando marca individualmente jogadores que estão sempre em movimento. Ou quando permite que até Newer assista para golo.
Quem assim joga sujeita-se simplesmente a ver um conjunto de jogadores fantásticos a jogar como uma equipa, a fazerem do jogo o que quiserem, e a marcarem golos uns atrás dos outros. E, no fim, a puxar dos galões por marcar dois golos.
O Barcelona, ganhando em Kiev, fez o pleno com o Dínamo, e desalojou o Benfica da zona de apuramento. Mas esta não é sequer altura para fazer contas. Se esta sequência de resultados e exibições não for já estancada com o Braga - bem nos recordamos que a debacle das duas últimas épocas começou precisamente nas derrotas com os bracarenses, na Luz - todas as contas sairão furadas.