Irresponsabilidade
É mais profundo do que se imaginava, esse buraco negro em que o Benfica caiu. A exibição da passada segunda-feira, e o empate que entregou de bandeja a liderança do campeonato, tinham deixado a ideia que a equipa ainda não tinha batido no fundo. Que havia mais para cair.
Hoje, em Setúbal, isso ficou confirmado. O Benfica caiu ainda mais, muito mais. E nem assim deixou a ideia de já lá ter tocado. O que se ouviu não é aquele som do estatelar final.
Bruno Lage mexeu na equipa. Mexeu no meio campo: voltou Cervi, retirou Weigl e juntou Samaris a Taarabt. E no ataque tirou Rafa e meteu Chiquinho. Na defesa, tudo na mesma. Não há por onde mexer... E mexeu na cor o equipamento, trocado as nossas camisolas berrantes de papoilas saltitantes por umas tristes, feias e irreconhecíveis camisolas cinzentas.
Foi a única mexida que se notou!
Por isso, do jogo não há mesmo nada a dizer. O comportamento da primeira parte não é apenas lamentável e negligente. É irresponsável!
Só a irresponsabilidade de jogadores e treinadores podem justificar que uma equipa que acabou de desperdiçar a larga vantagem de que construíra, que sabe que tudo tem de fazer para inverter o rumo das coisas, e que tem de dizer aos adeptos que nada está ainda perdido, tenha a atitude que teve na primeira parte.
Como é irresponsável, neste contexto actual, em que cada penalti é ouro, pôr Pizzi a marcá-los. É quem mais penaltis falhou esta época em Portugal, falhou bem mais do que os que concretizou. Falhou três dos últimos quatro!
O único que não falhou foi o primeiro de hoje. Depois de o marcar só uma enorme irresponsabilidade, do próprio e do treinador, o indicaria para um segundo. E lá se foram quatro pontos em dois penaltis falhados em dois jogos consecutivos. E a liderança. E provavelmente o campeonato!
Que só não ficou hoje praticamente perdido porque o Rio Ave, de Carvalhal, fez o que o Benfica, de Lage, estava obrigado a ter feito. Mas não fez, e acabou nisto a que estamos a assistir...