"Jogo de Champions" deixa Champions em jogo
O jogo desta noite na Luz, com mais de 60 mil nas bancadas, era para a "Champions". Mas foi mesmo um jogo de "Champions", daqueles que cansam só de ver, e que no fim deixam marcas.
O Benfica, com o onze habitual, hoje já novamente com Kokçu, entrou bem no jogo. E marcou logo, num lance que só não foi excelentemente finalizado por Pavlidis por estar ligeiramente adiantado. E bem que poderia ter evitado esse adiantamento, e ficar-se apenas pelo excelente movimento de finalização. Que, de resto, não mais repetiria.
E o VAR anulou o golo que teria certamente traçado outro destino para o jogo.
Aos 10 minutos já o jogo começava a mudar de feição - curiosamente com o lance mais perigoso de todo o jogo para a baliza de Trubin que, bem secundado por Tomás Araújo, anulou as intenções de Dallinga, isolado - com o Bolonha a impor a sua estratégia de pressão. Pressão sobre todos os jogadores do Benfica, e sobre a bola, em todas as zonas do campo. Não fosse esta é a estratégia habitual da equipa italiana e dir-se-ia que estava a decalcar o jogo do Guimarães, no passado sábado. Só que, com melhores jogadores, a colocar ainda mais dificuldades.
A meio da primeira parte o Bolonha dominava o jogo. Os seus jogadores chegavam sempre primeiro, ganhavam todos os duelos, e todos os ressaltos. Circulavam a bola em todas as zonas do campo - a posse de bola chegou a andar pelos 65% - começando a deixar a cabeça dos jogadores do Benfica feita em água. Alguns começavam até a dar sinais de perda do controlo, para que também o árbitro romeno contribuía, tudo permitindo aos jogadores da equipa italiana, e nada aos do Benfica.
Valia que o Bolonha não tirava qualquer partido desse domínio. Nem um remate à baliza. E que era fisicamente impossível prolongar por muito tempo aquela pressão. Assim foi: durou menos da terça parte do tempo de jogo, e aos 35 minutos acabou. Os últimos 10 da primeira parte já foram do Benfica, com duas situações de golo, mais que a equipa italiana em todo o jogo.
Ao intervalo já o Benfica tinha recuperado grande parte da desvantagem na posse de bola, tinha rematado mais (5-2), e mais cantos (5-1). Tinha também mais faltas (9-4) mas apenas pela contribuição do desastrado árbitro romeno.
E na segunda parte o Benfica inverteu por completo as feições do jogo. Os jogadores passaram a ser eles a chegar primeiro, a ganhar as bolas divididas e a pressionar os adversários. A equipa dominou, rematou, criou mais quatro ou cinco oportunidades de golo mas não marcou. Porque o guarda-redes polaco Lukasz Skorupski defendeu tudo o que lá lhe chegou, já depois de tudo o que era filtrado pelos seus defesas. Porque Pavlidis falhou um golo de forma inacreditável.
O Benfica fez um grande jogo?
Não. E poderia ter feito melhor. Provavelmente tudo teria sido diferente se o Pavlidis tivesse evitado aquele fora de jogo logo aos 3 minutos. Também poderia ter sido diferente se Bruno Lage tivesse mexido mais cedo na equipa: Pavlidis e Akturkoglu, que passou ao lado do jogo, deveriam ter saído bem mais cedo. Mas os jogadores, com o capitão Otamendi à frente, foram bravos, e dignos do manto sagrado. E tudo fizeram para merecer ganhar o jogo.
Com este empate o Benfica soma 10 pontos, quando lhe falta defrontar o Barcelona, na Luz, e a Juventus, em Turim. No início dizia-se que 9 pontos seriam suficientes para assegurar a continuação na Champions, através do play-off para os oitavos de final. Agora sabe-se seguramente que não.
Fora dos primeiros 24 classificados estão, pelo menos, dois que lá terão que entrar: o PSG e o Stuttgart. Palpito que basta que não sejam o Dínamo de Zagreb (com 8 pontos), e o Celtic (com 9), a ceder-lhe os seus lugares para que os actuais 10 pontos não cheguem para o apuramento.